A Supertaça espanhola vai passar a ser uma prova para chinês ver

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Troféu passa a ser disputado na China Foto: Reuters

Promover uma competição interna fora de portas não é uma experiência nova. Em 2009, o troféu que opunha o vencedor da Série A ao da Taça de Itália desenrolou-se em Pequim, no Ninho de Pássaro, o mítico estádio que serviu desde aos Jogos Olímpicos de 2008. Na verdade, embora noutro patamar, até a Supertaça Cândido de Oliveira já chegou a ter como palco o Parc des Princes, em Paris: aconteceu nas finalíssimas de 1994 e de 1995, entre FC Porto e Benfica e Sporting e FC Porto.

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Promover uma competição interna fora de portas não é uma experiência nova. Em 2009, o troféu que opunha o vencedor da Série A ao da Taça de Itália desenrolou-se em Pequim, no Ninho de Pássaro, o mítico estádio que serviu desde aos Jogos Olímpicos de 2008. Na verdade, embora noutro patamar, até a Supertaça Cândido de Oliveira já chegou a ter como palco o Parc des Princes, em Paris: aconteceu nas finalíssimas de 1994 e de 1995, entre FC Porto e Benfica e Sporting e FC Porto.

O caso de Espanha, porém, tem outros contornos. A relação dos emblemas espanhóis com o mercado asiático já começou a construir-se há vários anos e tem tido nas digressões de pré-temporada do Real Madrid um dos melhores exemplos.

Para a preparação da época 2011-12, a equipa de José Mourinho viajou, em Agosto, até à China, onde foi recebida de forma entusiasta por milhares de adeptos da modalidade. Os adversários não ofereceram grande resistência (7-1 ao Guangzhou Evergrande e 6-0 ao Tianjin Teda), mas a dimensão do fenómeno "merengue" não terá deixado ninguém indiferente. Muito menos quando a fidelidade dos adeptos chineses foi alvo de um "teste" mais sério.

Num jogo da 12.ª jornada da Liga, frente ao Osasuna, marcado para as 12h (hora espanhola) - que correspondem às 19h chinesas - e transmitido na China, as audiências atingiram os 60 milhões de espectadores, de acordo com dados da Beijing TV. Um dado tão mais impressionante quanto o facto de a partida não ter tido transmissão a nível nacional, no canal CCTV5, mas apenas regional.

Emilio Butragueño, responsável pelas relações institucionais do clube, descreveu bem o objectivo da digressão que marcou o arranque da temporada em que José Mourinho se sagrou pela primeira vez campeão espanhol. "Isto é mais do que uma mera pré-época. Temos mais de 100 milhões de adeptos na China e trata-se de uma grande oportunidade de estarmos em contacto com eles e agradecermos o seu apoio", vincou, assumindo depois que o Real Madrid pretendia "explorar a melhor forma de ajudar a desenvolver o futebol" no gigante asiático.

Quatro milhões a mais

É este potencial, que não se esgota no maior emblema da capital, já que o Barcelona goza de grande prestígio junto dos chineses, que leva a RFEF a ajustar-se à procura global, até porque o futebol espanhol atravessa um momento delicado - os clubes somam dívidas colossais ao fisco e as dificuldades de financiamento continuam a agravar-se.

O contrato que, segundo a imprensa espanhola, valerá 32 milhões de euros (parte deste valor será dividido entre os dois finalistas), representa um acréscimo de quatro milhões face à receita arrecadada pela federação italiana, cujos dirigentes também em 2011 rumaram a Pequim para a assistir à Supertaça (o Milan derrotou o Inter por 2-1, perante 70 mil espectadores). Mas o acordo só produzirá efeitos a partir de 2013, uma vez que o calendário desportivo deste ano, com Campeonato da Europa e Jogos Olímpicos de Londres incluídos, está já demasiado preenchido.