Polanski apresenta “antianúncio” de moda em Cannes

Foto
Roman Polanski escolheu Helena Bonham Carter para contracenar com o oscarizado Ben Kingsley DR

O spot foi apresentado no festival de Cannes, nesta segunda-feira, antes da exibição de Tess (1979), filme de Polanski distinguido com três Óscares (e com mais uma dezena de prémios, entre os quais três Césares e um Bafta) programado na secção que o festival francês dedica aos clássicos. A curta foi mostrada de surpresa, na presença do realizador.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O spot foi apresentado no festival de Cannes, nesta segunda-feira, antes da exibição de Tess (1979), filme de Polanski distinguido com três Óscares (e com mais uma dezena de prémios, entre os quais três Césares e um Bafta) programado na secção que o festival francês dedica aos clássicos. A curta foi mostrada de surpresa, na presença do realizador.

“É muito reconfortante saber que ainda existem espaços abertos à ironia e à sagacidade e, com certeza, a Prada é um deles”, disse então Polanski, segundo o britânico Guardian, que escreve que o anúncio, “como união entre marca e artista, é quase perfeito”.

O nome da marca aparece apenas duas vezes no filme, que ao contrário do que é norma nos anúncios de moda, monta toda a narrativa em cima de diálogos. Prada aparece nas palmilhas dos sapatos da personagem de Helena Bonham Carter, que os descalça quando chega ao consultório de Kingsley e se deita no divã para a sessão de terapia. Começa a relatar os seus infortúnios de senhora abastada, mas o interlocutor desinteressa-se e é seduzido pelo casaco de peles que a paciente pendurou no cabide, com o qual começa a dançar ao espelho. Só no final volta a marca a aparecer no ecrã.

O humor da cena, que consiste na atracção que o terapeuta sente pelo produto – o casaco de peles – de uma riqueza que a sua paciência lamenta por lhe ter proporcionado uma vida de solidão, culmina com um “O que é que tudo isto significa?”, proferido por uma confusa Bonham Carter. É esta a ironia e o humor de que Polanski falou no seu discurso, na Croisette.

A acompanhar o trabalho do realizador e dos actores – que têm agora filmes nas salas portuguesas (Ben Kingsley é um dos protagonistas de O Ditador, de Larry Charles, e Helena Bonham Carter integra o elenco de Sombras da Escuridão, de Tim Burton) – estão o compositor Alexandre Desplat (O Estranho Caso de Benjamin Button, O Discurso do Rei) e o director de fotografia português Eduardo Serra (As Asas do Amor, Rapariga com Brinco de Pérola).

Esta não é a primeira vez que as grandes marcas da moda recorrem a cineastas de renome para filmar os seus anúncios. Antes de Roman Polanski, cuja obra inclui títulos como A Semente do Diabo ou O Pianista, a Prada já tinha trabalhado com Ridley Scott, enquanto David Lynch e Kenneth Anger filmaram, respectivamente, spots para a Dior e a Missoni.