Ex-governante questiona “fuga de informação” do Governo para a EDP

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António Mexia disse que estudo tinha “erros grosseiros” Foto: Paulo Ricca

Henrique Gomes, que está numa audição na Comissão Parlamentar de Economia para falar sobre o processo relativo às rendas excessivas na produção de electricidade, questionou como é que o presidente da EDP teve acesso a um estudo realizado por uma unidade da Universidade de Cambridge, no âmbito dos compromissos assumidos com a troika no memorando de entendimento.

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Henrique Gomes, que está numa audição na Comissão Parlamentar de Economia para falar sobre o processo relativo às rendas excessivas na produção de electricidade, questionou como é que o presidente da EDP teve acesso a um estudo realizado por uma unidade da Universidade de Cambridge, no âmbito dos compromissos assumidos com a troika no memorando de entendimento.

Henrique Gomes sublinhou que Mexia conhecia o estudo horas depois de o documento ter sido entregue pelo ministro da Economia ao Governo. Em causa estava a identificação de rendas excessivas na produção eléctrica em Portugal.

António Mexia, aliás, chegou a comentar o estudo e a referir a existência de “erros grosseiros” no documento, durante a apresentação dos resultados da eléctrica portuguesa realizada a 8 de Março.

Henrique Gomes referiu-se também aos "sobrecustos elevados" nas renováveis, nomeadamente na produção de origem eólica (94 euros por MW), e considera que Portugal não tem dimensão para investir na energia nuclear. No entanto, admite que haja um acompanhamento dessa forma de energia a nível ibérico e europeu a partir de 2015 ou 2016.

O ex-secretário de Estado lembrou ainda que em Setembro passado o Governo desistiu da aplicação de uma taxa adicional aos produtores de energias eléctrica, que estava a ser desenhada pelo gabinete de Henrique Gomes, devido aos planos para a privatização da companhia liderada por António Mexia.Recordou também que o compromisso de identificação e redução das rendas excessivas neste sector, que consta do memorando de entendimento, foi anterior à decisão sobre a venda de uma parte das acções da eléctrica portuguesa ao novo accionista chinês China Three Gorges, tomada no final de Dezembro.