Aumento do IVA vai eliminar 11 mil postos de trabalho na indústria agro-alimentar

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Indústria agro-alimentar emprega 110 mil pessoas em Portugal Enric Vives-Rubio

As alterações na taxa do IVA que entraram em vigor em Janeiro poderão eliminar, este ano, 11 mil postos de trabalho directos e indirectos no sector agro-alimentar. De acordo com um estudo da consultora Deloitte, apresentado nesta terça-feira durante o IV Congresso da Indústria Portuguesa Agro-Alimentar, em Lisboa, a reclassificação do imposto vai fazer cair em 2,1% o emprego gerado nesta actividade.

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As alterações na taxa do IVA que entraram em vigor em Janeiro poderão eliminar, este ano, 11 mil postos de trabalho directos e indirectos no sector agro-alimentar. De acordo com um estudo da consultora Deloitte, apresentado nesta terça-feira durante o IV Congresso da Indústria Portuguesa Agro-Alimentar, em Lisboa, a reclassificação do imposto vai fazer cair em 2,1% o emprego gerado nesta actividade.

Os dados mostram ainda que o consumo final de bens deverá cair 1,3% até final do ano (representa, em valor, uma descida de 284 milhões de euros). A tendência de quebra mantém-se ao nível da produção da indústria, que cai 2,3%, perto de 306 milhões de euros. O mesmo se passa no consumo de bens alimentares, que deverá diminuir 1,3% em 2012.

Da charcutaria à mercearia, poucas foram as prateleiras que escaparam ao aumento do IVA. Ao abrigo do programa de ajustamento acordado com a troika, o Governo limitou a aplicação da taxa reduzida de 6% a um”cabaz de bens essenciais” de produção nacional, como a vinicultura, a agricultura e as pescas.

“Infelizmente as expectativas estão a cumprir-se. Nos primeiros meses do ano muitos sub-sectores estão a contrair-se por via do aumento do IVA”, disse aos jornalistas Jorge Henriques, presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), acrescentando que a subida do IVA na restauração para 23% acentuou ainda mais a recessão no consumo.

A área mais afectada é da produção de bebidas que, entre Janeiro e Março, terá sofrido descidas na ordem dos 12%. No sector em geral as quebras estão acima dos 5%, sublinha Jorge Henriques.

Para fugir à conjuntura nacional as empresas do sector estão a apostar nas exportações, mas as dificuldades de financiamento também estão a impedir maior dinamismo na venda para mercados estrangeiros. Jorge Henriques prevê um segundo semestre difícil e diz mesmo que “no quadro interno o nível de encomendas é deprimente”.

A indústria agro-alimentar contribui directa e indirectamente para 4,5% do PIB e gera cerca de 16% do emprego total do país. As exportações deste sector aumentaram 16% desde 2008, valor que compara com uma subida de 4% das importações. Actualmente, estas empresas exportam 18% da sua produção, ainda abaixo das congéneres irlandesas e alemãs que exportam, respectivamente, 46% e 25%.