Alegre dá graças por não ser Presidente da República

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Militante histórico do PS afirma que "não suportaria tamanha humilhação" Daniel Rocha

A confissão deste militante histórico do PS, que foi secretário de Estado, deputado, vice-presidente da Assembleia da República e por duas vezes candidato a Presidente da República, em 2006 e 2011, está escrita no prefácio que faz ao livro de Alfredo Barroso, A Crise da Esquerda Europeia.

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A confissão deste militante histórico do PS, que foi secretário de Estado, deputado, vice-presidente da Assembleia da República e por duas vezes candidato a Presidente da República, em 2006 e 2011, está escrita no prefácio que faz ao livro de Alfredo Barroso, A Crise da Esquerda Europeia.

Ao falar da crise do comportamento dos partidos sociais-democratas nos últimas décadas e a sua cedência às influências neoliberais, Alegre conclui que essa evolução da política europeia e da esquerda europeia contribuiu para o actual estado de coisas. E afirma, de seguida, no retrato que desenha desse caminho: "Até chegarmos à crise actual e à ditadura dos mercados e dos especuladores, em que poderes invisíveis, não sufragados, se sobrepõem ao poder legítimo dos Estados e à própria democracia. É minha convicção que, ou as democracias regulam os mercados, ou estes acabam com a democracia. Os governos nacionais perdem autonomia, os países transformam-se em protectorados." (pp. 10-11)

E é então que declara: "É muito penoso, para não dizer intolerável, assistir à vinda periódica de três funcionários de pasta na mão para dizer a este velho país o que tem de fazer. Sempre que os vejo, dou graças por não ter sido eleito Presidente, porque não suportaria tamanha humilhação." (p. 11)