Pedro Martins, o treinador que resistiu a tudo, até a Alberto João

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O Marítimo treinado por Pedro Martins apenas averbou cinco derrotas Foto: Nuno Ferreira Santos

Parece ser a melhor forma de se servir a vingança. Na altura, como agora, Pedro Martins não falou. É um homem de poucas palavras. Como treinador, passou por oito clubes em sete anos, desde 2004. Foi adjunto de José Couceiro, treinou no Bonfim, no Dragão e no Restelo. Passou a treinador principal com o União de Lamas, esteve no Lusitânia, Sp. Espinho até “atracar” ao Marítimo B. A chamada à equipa sénior maritimista, a 14 de Setembro de 2010, fez torcer vários narizes. Agora a confiança é absoluta e fala-se na renovação de contrato, que está pronto e redigido – falta só assinar.

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Parece ser a melhor forma de se servir a vingança. Na altura, como agora, Pedro Martins não falou. É um homem de poucas palavras. Como treinador, passou por oito clubes em sete anos, desde 2004. Foi adjunto de José Couceiro, treinou no Bonfim, no Dragão e no Restelo. Passou a treinador principal com o União de Lamas, esteve no Lusitânia, Sp. Espinho até “atracar” ao Marítimo B. A chamada à equipa sénior maritimista, a 14 de Setembro de 2010, fez torcer vários narizes. Agora a confiança é absoluta e fala-se na renovação de contrato, que está pronto e redigido – falta só assinar.

Hoje, quando lhe perguntam se estava pronto a aceitar tanta suspeita nas suas capacidades, o técnico de 41 anos não se importa. “Vai haver sempre desconfiança, é algo normal. Ou se contrata um treinador com categoria, que já tenha um passado... Tem de haver um princípio”, contava há um mês ao Record. “Também quase toda a gente desconfiava do André Villas-Boas, pois ninguém vaticinava aquilo que aconteceu, já que antes só esteve meio ano em Coimbra.”

Responde com a mesma calma, agora perante um recorde histórico no clube. A vitória em Coimbra na 25.ª jornada (0-1 sobre a Académica) coloca-o como o melhor da história do emblema madeirense. Desde que chegou à I Divisão, em 1977-78, nunca nenhum treinador conseguiu tantos pontos nesta fase da temporada (48). Tem apenas cinco derrotas (duas com o Sp. Braga, uma com Benfica, FC Porto e V. Guimarães). Frente ao Sporting, clube com o qual disputa o quarto lugar e sobre o qual tem uma vantagem de um ponto, venceu os dois jogos: em Alvalade (2-3) e nos Barreiros (2-0).

“Batemos um recorde de pontuação do clube. Conseguimos no tempo do técnico Lazaroni 46 pontos em 30 jornadas, hoje temos 48, quando ainda faltam cinco para o final da Liga”, afirmou Pedro Martins, em Coimbra. Foi a vez de abrir o peito.

Há um ano resistiu aos maus resultados e às críticas de Alberto João. “O Marítimo tem de ser revisto de alto a baixo. Está como o Estado português e precisa de uma mudança”, disse na altura, apontando o dedo a Martins. “Não gostei das declarações do treinador sobre o comportamento dos jogadores”, adiantou, anunciando que havia dado instruções ao representante do governo na SAD para que fossem colocadas em prática outras medidas.

O técnico tinha sido duro com os atletas, depois da derrota em casa com o Rio Ave. Um ano depois, tem a equipa na mão. Outro dos alvos de Alberto João foi a Equipa B. “Apregoa-se que é para fazer dinheiro, mas isso acontece uma ou duas vezes na vida. Não tem razão de existir.” Estava errado.

É aqui que reside um dos segredos do Marítimo e de Pedro Martins. Quando Carlos Pereira anunciou a “diminuição drástica da comparticipação do governo regional”, o clube, que costuma ter um dos maiores orçamentos da Liga a seguir aos três “grandes”, temeu o pior. A necessidade de capitalizar a Equipa B rendeu 12 jogadores para o plantel principal. Além dos negócios de Baba, Djalma e Kléber. Renderam dinheiro, mas deixaram Martins numa posição difícil, principalmente Baba, um avançado que valeu 15 dos 37 golos da equipa.

Pedro Martins não desistiu, foi a jogo com o que tinha, exponenciou Danilo Dias, Sousa, Miranda ou Olberdam. Este ano utiliza 14, 15 jogadores. Parece chegar. Acabou com a invencibilidade do Benfica esta época (na Taça) e bate agora o pé ao Sporting. O final de campeonato é duro (com Nacional, Benfica e FC Porto), mas é altura de Alberto João ficar em silêncio e ver Martins actuar.