Idade das fêmeas de lince ibérico ajuda a explicar sucesso em Silves

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Cria de lince a ser amamentada pelos técnicos do centro de Silves ICNB

O Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince-ibérico (CNRCLI), em Silves, tem em mãos 17 crias de lince que começaram a nascer no início de Março. Este número é inédito em Silves, um dos cinco centros de reprodução da espécie em cativeiro. Na rede ibérica, Silves é o centro que, de momento tem mais crias, resultado do acasalamento de oito fêmeas. Dos outros centros, apenas o de La Olivilla teve oito casais. El Acebuche teve cinco, Granadilla dois e o Zoolóogico de Jerez de La Frontera teve um.

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O Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro para o Lince-ibérico (CNRCLI), em Silves, tem em mãos 17 crias de lince que começaram a nascer no início de Março. Este número é inédito em Silves, um dos cinco centros de reprodução da espécie em cativeiro. Na rede ibérica, Silves é o centro que, de momento tem mais crias, resultado do acasalamento de oito fêmeas. Dos outros centros, apenas o de La Olivilla teve oito casais. El Acebuche teve cinco, Granadilla dois e o Zoolóogico de Jerez de La Frontera teve um.

“As fêmeas de lince ibérico podem ter entre uma e quatro crias por ninhada, sendo que partos de quatro crias têm sido pouco frequentes”, disse o director do centro, Rodrigo Serra, ao PÚBLICO. “No entanto, este está a ser um ano com números anormalmente altos, principalmente em Silves, onde os partos de quatro crias têm sido a norma e não a excepção”.

Não é clara a razão por detrás deste cenário. Em parte, “o sucesso das fêmeas em Silves vem da sua chegada à idade adulta e de terem já alguma experiência reprodutiva, ao contrário do ano passado”, acrescenta Rodrigo Serra. Na verdade, “não é fácil explicar o número de partos de quatro crias, uma vez que o número de crias depende maioritariamente de factores genéticos, nem é de esperar que em próximas épocas aconteça o mesmo”.

Crias têm pela frente uma sucessão de fases críticas

O nascimento das 17 crias está longe de garantir a sua sobrevivência. Agora seguem-se semanas de fases críticas, a que as equipa dos cinco centros de reprodução estarão particularmente atentas.

Agora, o “maior risco é a enorme competição pelos recursos das fêmeas por parte de ninhadas numerosas, que poderá levar à perda das crias com menor vitalidade”, disse Rodrigo Serra.

“Depois disso, entre os 34 e os 70 dias, dá-se início à fase de estabelecimento de hierarquias entre as crias de cada ninhada, processo que demora até 24 horas com lutas ferozes que podem levar à perda de crias”. O processo de solução das lutas é controlado “maioritariamente pelas fêmeas, com intervenções dos técnicos de Silves nos casos mais extremos de agressividade. No ano passado, uma cria noutro centro morreu num ataque efectuado por uma sua irmã em menos de um minuto, o que dá uma boa indicação do risco envolvido nesta fase”.

Rodrigo Serra realça que “três das quatro fêmeas com crias em Silves não têm ainda experiência na resolução destas lutas para definição de hierarquias, pelo que é de esperar um certo número de baixas nessa altura”.

Após essa fase, os animais “terão de completar o desmame e aprender a caçar, e a partir daí ficam independentes e sujeitos aos riscos que enfrentam os linces sub-adultos”.