Prémio Vida Literária para o poeta João Rui de Sousa

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Foto: Fernando Bento

O prémio de consagração, no valor de 25 mil euros, tem sido atribuído de dois em dois anos, a escritores de ficção, poesia e ensaio. Distinguiu, entre outros, José Saramago, Miguel Torga, Eugénio de Andrade, Mário Cesariny e Vítor Aguiar e Silva.

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O prémio de consagração, no valor de 25 mil euros, tem sido atribuído de dois em dois anos, a escritores de ficção, poesia e ensaio. Distinguiu, entre outros, José Saramago, Miguel Torga, Eugénio de Andrade, Mário Cesariny e Vítor Aguiar e Silva.

João Rui de Sousa ficou "muito satisfeito e contente" por lhe terem atribuído este prémio e disse ao PÚBLICO que pensa que esta distinção vai alegrar também aqueles que sempre o incentivaram. "Este prémio também é para eles", afirmou.

O seu mais recente livro de poesia, “Quarteto Para as Próximas Chuvas", foi publicado em 2008 e João Rui de Sousa espera que não seja o último. "Assim pronto não tenho nenhum livro embora seja possível organizá-lo com alguma brevidade: tenho para aqui umas coisas inorgânicas", afirmou ao PÚBLICO. "Era uma boa oportunidade", concluiu.

Nascido em 1928, em Lisboa, João Rui de Sousa é poeta, ensaísta, crítico literário e investigador (integrou a equipa do Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea de 1982 a 1993). No ano passado, doou o seu espólio literário à Biblioteca Nacional de Portugal. O seu acervo é constituído por cartas de/a António Ramos Rosa, Eugénio Lisboa, João Bigotte Chorão, João Palma-Ferreira, Jorge de Sena, José Carlos Gonzalez, Luís Amaro, Luiz Pacheco, Natália Correia, Pedro da Silveira, e ainda correspondência com Egito Gonçalves, Eugénio de Andrade, Fernando Guimarães, Herberto Hélder, Liberto Cruz, Maria Alzira Seixo ou Matilde Rosa Araújo.

Formado em Agronomia e licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, João Rui de Sousa estreou-se na revista “Cassiopeia” (1955), de que foi um dos fundadores, com António Ramos Rosa, José Terra, José Bento e António Carlos. Foi aí que publicou os poemas “A Morte da Paisagem” e “Poema Contíguo ao Ódio” e o ensaio “A Angústia e o Nosso Tempo”.

Das suas obras de poesia fazem parte “Circulação” (1960), “A Hipérbole na Cidade” (1960), “A Habitação dos Dias” (1962), “Meditação em Samos” (1970), “Corpo Terrestre” (1972) e, em 1983, reuniu os poemas publicados com inéditos em “O Fogo Repartido”. Na década seguinte editou “Enquanto a Noite, a Folhagem” (1991), “Palavra Azul e Quando” (1991), “Sonetos de Cogitação e Êxtase” (1994), “Obstinação do Corpo” (1996) e “Respirar pela Água” (1998).

Mais recentemente deu à estampa “Os Percursos, as Estações” (2000), “Obra Poética: 1960-2000” (2002), “Lavra e Pousio” (2005) e “Quarteto Para as Próximas Chuvas” (2008), que foi distinguido com o Prémio Nacional António Ramos Rosa e o Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes.

No ensaio, João Rui de Sousa publicou “Fernando Pessoa Empregado de Escritório” (1985; 2º ed. revista e aumentada, 2010), “Este Rio de Quatro Afluentes” (1988), “António Ramos Rosa ou o Diálogo com o Universo” (1988).

João Rui de Sousa é ainda editor literário da antologia de poemas de Adolfo Casais Monteiro (1973) e das “Poesias Completas” do mesmo autor (1993).