Ester

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A diferença, notória, é que numa altura em que a categorização de novas sonoridades se faz ou por contracção de designações distintas ou por uma infindável sequência de hífenes, a dream pop segundo Jimmy Lee e Suzanne Aztoria é uma zona mais pantanosa e lodosa do que antes. Onde nos anos 90 existia uma saturação de electricidade que obrigava a afastar a distorção à custa da força de braços para se descobrir a beleza melódica instrumental - camuflada de tão abrasiva que era -, Jimmy Lee desenvolve agora uma linguagem equilibrada em arpejos celestiais e quase barrocos em loop e numa constante e subtil dinamitação da canção. A voz resiste no centro, bela, melancólica e de uma magnificência desfalecida, enquanto à sua volta vão rebentando pequenos artifícios que nos dizem que esta beleza é uma opção no fio da navalha e, se quisessem, os Trailer Trash Tracys poderiam destruí-la num nanossegundo. E para nos lembrar disso a toda a hora, o falso quarteto (é, no fundo, um duo aumentado de dois músicos “convidados”) adopta uma constante postura de provocação (rítmica, de andamentos e de construção) - se as canções não caem, é só porque eles sabem perfeitamente o que lhes podem arremessar. Uma das melhores estreias que vamos ter em 2012.

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A diferença, notória, é que numa altura em que a categorização de novas sonoridades se faz ou por contracção de designações distintas ou por uma infindável sequência de hífenes, a dream pop segundo Jimmy Lee e Suzanne Aztoria é uma zona mais pantanosa e lodosa do que antes. Onde nos anos 90 existia uma saturação de electricidade que obrigava a afastar a distorção à custa da força de braços para se descobrir a beleza melódica instrumental - camuflada de tão abrasiva que era -, Jimmy Lee desenvolve agora uma linguagem equilibrada em arpejos celestiais e quase barrocos em loop e numa constante e subtil dinamitação da canção. A voz resiste no centro, bela, melancólica e de uma magnificência desfalecida, enquanto à sua volta vão rebentando pequenos artifícios que nos dizem que esta beleza é uma opção no fio da navalha e, se quisessem, os Trailer Trash Tracys poderiam destruí-la num nanossegundo. E para nos lembrar disso a toda a hora, o falso quarteto (é, no fundo, um duo aumentado de dois músicos “convidados”) adopta uma constante postura de provocação (rítmica, de andamentos e de construção) - se as canções não caem, é só porque eles sabem perfeitamente o que lhes podem arremessar. Uma das melhores estreias que vamos ter em 2012.