O cancro do ovário não tem de ser uma “doença horrível”

Este tipo de tumor afecta maioritariamente mulheres com idade superior a 50 anos. Mas manifesta-se também em jovens. Sara e Lígia são exemplos de pacientes que venceram a doença com menos de 35 anos

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Presente: está quase a terminar o curso de Medicina, tem 23 anos e uma vida pela frente. Passado: aos 17, foi-lhe diagnosticado um cancro do ovário. Sara Sarmento soube muito nova o que era ter um tumor. Mas é com um sorriso que nos conta a sua história. Até porque, para Sara, os jovens têm todas as condições para enfrentar esta realidade, uma vez que reagem melhor aos tratamentos.

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Presente: está quase a terminar o curso de Medicina, tem 23 anos e uma vida pela frente. Passado: aos 17, foi-lhe diagnosticado um cancro do ovário. Sara Sarmento soube muito nova o que era ter um tumor. Mas é com um sorriso que nos conta a sua história. Até porque, para Sara, os jovens têm todas as condições para enfrentar esta realidade, uma vez que reagem melhor aos tratamentos.

“Descobri quando fui à minha primeira consulta de ginecologia. A médica detectou uma massa no ovário esquerdo e disse-me que tinha rapidamente de fazer alguns exames. Fiquei assustada e nunca pensei que fosse nada tão sério”, explica a estudante que está ser acompanhada pela médica Deolinda Pereira, uma das pessoas envolvidas no estudo sobre o cancro do ovário que ganhou recentemente o prémio Sanofi Oncologia 2011.

Alguns dias após a consulta, Sara soube que teria de ser submetida a uma cirurgia, inicialmente para extrair o ovário e saber o tamanho da lesão. O médico que a operou colocou todas as “cartas em cima da mesa” e explicou os cenários possíveis. O pior que poderia acontecer seria a remoção de todos os órgãos reprodutores, caso o tumor fosse maligno e houvesse outras lesões. E foi o que aconteceu.

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Lígia Pereira, de 32 anos, teve de remover todos os órgãos reprodutores devido à doença Paulo Pimenta

“Ouvir uma anedota” na altura do tratamento

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Tanto Lígia como Sara, nunca tiveram filhos, mas pretendem adoptar Paulo Pimenta

“Aquela era a situação melhor para a minha saúde e era uma decisão a tomar na altura”, conta, quanto à sua reacção assim que percebeu o que lhe poderia acontecer.

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Lígia Pereira, de 32 anos, teve de remover todos os órgãos reprodutores devido à doença Paulo Pimenta

Depois da cirurgia, seguiram-se seis ciclos de quimioterapia no IPO do Porto. A ajuda dos pais e dos amigos foi muito importante para Sara nessa fase. No entanto, o difícil foi “lidar com a angústia da família. Nós só queremos ouvir uma anedota e custa lidar com a pessoa que acha que temos que estar muito mal porque é uma doença horrível”, desabafa. “Temos de encarar isso de outra forma”, acrescenta.

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Tanto Lígia como Sara, nunca tiveram filhos, mas pretendem adoptar Paulo Pimenta

“E cá estou”, termina. Trata-se de um exemplo positivo de quem teve cancro do ovário e o conseguiu ultrapassar.

Sara Sarmento explica as dificuldades por que passou e dá conselhos a outras jovens que estejam a passar pela mesma situação

“Um susto misturado com surpresa”

Deolinda Pereira deixa alguns conselhos clínicos para os jovens

Tal como Sara, também Lígia Pereira, de 32 anos, teve de remover todos os órgãos reprodutores devido a esta doença.

A médica fala sobre as dificuldades de dizer a uma jovem que não poderá mais ter filhos

“Tinha muitas dores de barriga e fui às urgências. Os médicos mandaram-me para casa. Continuava com dores e fui à minha ginecologia e foi aí que soube”, conta. No período de uma semana foi operada e retiraram-lhe um tumor de nove centímetros, que se acreditava ser benigno. “Não é normal na minha idade ter tumores malignos”, explica, dizendo que os médicos que consultou achavam que não era necessário fazer a cirurgia tão rápido.

“Na altura, é um susto misturado com surpresa. É normal doer a barriga”, afirmou.

Tanto Lígia como Sara, nunca tiveram filhos, mas pretendem adoptar.