Autora de “O Livreiro de Cabul” absolvida de violação da vida privada

Foto
A escritora tinha sido condenada em Julho do ano passado mas recorreu da sentença DR

“O Livreiro de Cabul” – que foi publicado em norueguês, em 2002 e traduzido para mais de 40 línguas –, retrata o quotidiano da família de Sultan Khan, nome fictício de Shah Mohammed Rais, considerado o mais importante livreiro do seu país, que ao longo de 30 anos de negócio tinha sido detido, interrogado e preso, mas, apesar disso, resistia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“O Livreiro de Cabul” – que foi publicado em norueguês, em 2002 e traduzido para mais de 40 línguas –, retrata o quotidiano da família de Sultan Khan, nome fictício de Shah Mohammed Rais, considerado o mais importante livreiro do seu país, que ao longo de 30 anos de negócio tinha sido detido, interrogado e preso, mas, apesar disso, resistia.

Quando “O Livreiro de Cabul” foi publicado e se tornou um fenómeno mundial, Shah Mohammed viu exposta a sua vida entre quatro paredes e não gostou. Sentiu que tinha havido abuso de confiança. Viu-se retratado como um homem que defendia a liberdade de expressão no Afeganistão, mas que em sua casa oprimia as mulheres.

Além dos processos na justiça, Shah Mohammed Rais escreveu um livro a responder àquilo que considerou serem más interpretações da jornalista de uma cultura diferente da sua (“Once upon a time there was a bookseller in Kabul” foi publicado em 2007).

Em Julho do ano passado, o tribunal de primeira instância de Oslo tinha condenado a autora e o grupo editorial norueguês Cappelen Damm, que publicou o seu livro, a pagarem 125 mil coroas suecas (15.600 euros) a Suraia Rais, a segunda mulher do livreiro em casa de quem Assne Seierstad ficou quando viveu durante alguns no Afeganistão a seguir à queda dos talibãs em 2001. Mas a jornalista e a editora recorreram da sentença e o tribunal invalidou o julgamento considerando que Assne Seierstad tinha revelado aspectos privados da família que a acolheu, mas que isso não infringia a lei.

“Estou muito contente por termos ganho e que se tenha finalmente encerrado este assunto”, disse a escritora, depois de a sentença ser conhecida. “É um veredicto muito claro”, acrescentou. A decisão foi unânime e a escritora voltou a ter “confiança de ter trabalhado respeitando todas as regras jornalísticas, éticas e jurídicas.”

O advogado de Suraia Rais disse aos jornalistas que irá agora recorrer ao Supremo Tribunal, a mais alta instância judicial norueguesa.