Reino Unido arrisca isolamento contra todos os outros países da UE

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David Cameron olha para Angela Merkel, na cimeira em Bruxelas Foto: Yves Herman/Reuters

David Cameron, primeiro-ministro britânico, sofreu uma pesada derrota ao ver furada a sua estratégia de chantagem com os parceiros a propósito da revisão do Tratado da UE, considerada necessária para consagrar o novo colete de forças orçamental imposto pela Alemanha aos países do euro.

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David Cameron, primeiro-ministro britânico, sofreu uma pesada derrota ao ver furada a sua estratégia de chantagem com os parceiros a propósito da revisão do Tratado da UE, considerada necessária para consagrar o novo colete de forças orçamental imposto pela Alemanha aos países do euro.

Aproveitando o poder de veto resultante da necessidade de todas as decisões de revisão do Tratado precisarem da unanimidade dos Vinte e Sete, Cameron decidiu condicionar o seu assentimento à obtenção de uma série de excepções às regras europeias em matéria de regulação dos serviços financeiros. O governante queria nomeadamente livrar os reguladores nacionais do controle das agências europeias de supervisão dos serviços financeiros, bancos e seguros.

O intenso braço de ferro entre Cameron e os restantes países da zona euro, que ocupou várias horas da cimeira de líderes da UE que terminou há pouco em Bruxelas, saiu-lhe no entanto furado face à recusa dos outros de aceitar abrir uma brecha no mercado interno comunitário em benefício do Reino Unido.

O veto britânico à alteração do Tratado acabou por forçar os Dezassete a avançar sozinhos para a consagração das novas regras num acordo intergovernamental entre si, embora aberto a todos os países interessado, que deverá ser concluído até Março.

Para grande decepção do Reino Unido, no entanto, seis países anunciaram de imediato a intenção de se juntar aos parceiros do euro: Polónia, Dinamarca, Letónia, Lituânia, Bulgária e Roménia. A Suécia e República Checa também querem integrar o grupo, mas precisam de consultar os respectivos parlamentos para confirmar a decisão. E a Hungria, que começou por ficar para trás, dispôs-se esta manhã a mudar de posição.

Isto deixou o Reino Unido inesperadamente isolado contra aos outros vinte e seis. Os britânicos “já não estavam na zona euro, por isso estamos habituados a esta situação”, reagiu Angela Merkel, chanceler alemã.

“Não é a Europa que está dividida, mas os britânicos que decidiram ficar de fora do processo de decisão. A Europa está unida”, frisou por seu lado Dalia Grybauskaite, presidente da Lituânia.

Este desfecho representa uma pesada derrota para os britânicos que se têm esforçado nos últimos meses por federar os dez países da UE que não são membros do euro num espécie de contrapeso aos Dezassete, e que se vêem agora abandonados pelos seus antigos aliados.