António Borges demite-se do FMI

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Borges esava no FMI desde Novembro do ano passado David Clifford/Arquivo

O economista Reza Moghadam, de nacionalidade britânico-iraniana, vai assumir o lugar já nesta quinta-feira.

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O economista Reza Moghadam, de nacionalidade britânico-iraniana, vai assumir o lugar já nesta quinta-feira.

Num curto comunicado, o Conselho de Administração do FMI elogia o percurso de Borges à frente do departamento europeu, que dirigia desde Novembro do ano passado, notando que o fez num “período extremamente difícil para os membros da zona euro”.

O elogio é feito nos mesmos termos em que o então director-geral do FMI, Dominique Strauss Khan, lhe elogiou a experiência académica e em cargos no sector público e no privado, quando o nomeou para o cargo. “A sua vasta experiência académica, no sector público e no sector privado, combinada com a sua habilidade para construir laços fortes com as autoridades dos países membros [do FMI] tem sido uma mais-valia na resposta à crise”, nota agora o Conselho de Adminstração.

O economista português assumiu o lugar no mês em que a Irlanda pediu a segunda intervenção externa na zona euro com a participação do FMI. Meses mais tarde, Portugal seguiria o mesmo caminho, negociando com a União Europeia e o fundo hoje liderado por Christine Lagarde um empréstimo um empréstimo de 78 mil milhões de euros durante três anos.

O antigo vice-governador do Banco de Portugal defendeu ajustamentos ao programa de resgate português e viu-se obrigado, num episódio recente, a esclarecer declarações suas sobre o papel do FMI na ajuda à zona euro. O início de Outubro, Borges deu uma conferência em Bruxelas, onde deu a entender que o FMI estaria aberto à compra de Obrigações de Tesouro dos países em dificuldades quando o fundo de resgate do euro (FEEF) entrasse em vigor com novas regras de funcionamento. Mas, numa questão de horas, explicou que os recursos do FMI não podem ser usados para investir de forma directa nos mercados, mas para emprestar aos países.

Reza Moghadam passa da liderança do departamento de estratégia e política e revisão para o lugar de Borges já a partir de quinta-feira com a responsabilidade de repetir o desempenho que o FMI lhe elogia na posição que agora será ocupada por outro economista do fundo, Siddharth Tiwari. Do economista britânico-iraniana, o conselho de administração do fundo diz esperar no departamento europeu a “mesma visão estratégica, a unidade e consideração” que diz ter demonstrado até aqui.

Notícia actualizada às 21h47