Pontus e Malee estão a ver o mundo a bordo do Tua Tua

Não sabem para onde vão, nem como. Arranjam trabalho quando precisam. Querem é chegar ao Brasil a tempo do Campeonato do Mundo de Futebol. Sim, em 2014

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Pontus Nyhlen e Malee Bladh chegaram há poucos dias a Marrocos. Para trás ficaram Portugal, Espanha, Holanda, Dinamarca, Suécia. Somaram-se mais umas milhas a uma viagem que começou em Junho. 

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Pontus Nyhlen e Malee Bladh chegaram há poucos dias a Marrocos. Para trás ficaram Portugal, Espanha, Holanda, Dinamarca, Suécia. Somaram-se mais umas milhas a uma viagem que começou em Junho. 

Conheceram-se no liceu quando tinham 18 anos. "Same old story." Uma festa, amigos em comum, apaixonaram-se. Decidiram não prosseguir os estudos e a vontade de partir começou a borbulhar.

Não conseguindo contornar o serviço militar, obrigatório na Suécia até ao ano passado, Pontus tornou-se mecânico de barcos da "Swedish Royal Navy". Na verdade, o mar nunca lhe foi um estranho. Desde criança que viaja de barco com os pais.

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Pontus Nyhlen e Malee Bladh AAR

O ano passado a vontade ganhou voz: "Vamos comprar um barco e viajar." Assim foi. Afinal, na Suécia, o ano (ou serão anos?) sábatico é quase uma questão "cultural", afirmam. Remodelaram com as suas próprias mãos (há imagens que o comprovam) o Tua Tua, barco construído em 1966 que terá acompanhado o primeiro marinheiro sueco que deu a volta ao mundo sozinho.

Pouparam dinheiro durante um ano. Deixaram de ir ao cinema, de atender as chamadas dos amigos. Agora, sempre que precisam de trabalho, tentam encontrá-lo. Pontus, de barco em barco, procura quem precise de reparações no motor. Malee faz qualquer coisa. Não é "esquisita". Claro que a prioridade não é essa. O objectivo está traçado: ir. Sem rota.

"Um estilo de vida"

Dizem que viver num barco é "um estilo de vida". No mar, "os dias misturam-se com as noites". Dormem à vez porque não podem ligar o piloto automático no meio do breu. Já apanharam sustos, claro. Ao chegarem a Muros, na Galiza, encontraram uma tempestade e acabaram por serem salvos por pescadores. 

"É difícil viajar apenas com duas pessoas", admite Pontus. Malee lá vai combatendo os enjoos. Continua a ser-lhe difícil estar no mar, mas aprendeu a agarrar o leme. Ainda assim, respira de alívio quando chegam a terra. "It's nice."

Dormem, cozinham, vivem no Tua Tua, que aperaltaram a devido rigor para o século XXI. Não têm telemóvel. Em terra, procuram cafés com internet e ligam o portátil. O blogue, o melhor meio para não lhes perder o rasto, indica que chegaram há poucos dias a Marrocos. Em 2014, querem ver o Campeonato do Mundo no Brasil. Até lá, têm tempo.