Pés Frios

Foto

Canção veraneante, letra de uma adolescência gritante e a ideia de que o grupo tinha de correr atrás das rádios e não o contrário. Para quem tinha antes depositado esperança nos doismileoito, era como ser agredido com um punhal feito de goma. Mas enfiado no alinhamento de “Pés Frios”, “Quinta-feira” ganha sentido, num álbum comprometido com as canções, afinal despreocupadamente pop e não encostado à parede com a ameaça “um sucesso de milhões ou a vida”. Até porque é desde logo sucedida pela grande canção do disco, “Conta Contigo”, prosseguindo depois um caminho que os torna mais íntimos dos Clã, a espaços dos Pluto, mas já longe de prestar reverência aos Ornatos. O que daí resulta é, acima de tudo, uma identidade em formação, mais autónoma e independentista do que a fornada de rock português equilibrado nas guitarras dos Stokes que surgiu a reboque d'Os Pontos Negros. A escolha, inteligente, para mexer nos botões recaiu agora sobre Nuno Rafael (director musical dos Assessores de Sérgio Godinho). Gravado em nove dias em vez dos três meses do disco de estreia, “Pés Frios” não é, curiosamente, de uma sedução imediata e pede paciência, enquanto repete um olhar cândido sobre a década de 1990 ou sobre a juvenilidade - mais explicitamente em “Noventas”, mas também noutros momentos inspirados como “Carta aos mortos” ou “Cão”. Esse lugar “quentinho e confortável”, como o vocalista Pedro Pode chama aos anos em causa, alimenta grandemente “Pés Frios”. Agora, por muito que este 2011 nos queira convencer do contrário, o Verão não dura para sempre. E estando mais ou menos fixada a sonoridade dos doismileoito com dois óptimos discos, fica por preencher o espaço para o que interessa: o passo de gigante. Há-de vir.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Canção veraneante, letra de uma adolescência gritante e a ideia de que o grupo tinha de correr atrás das rádios e não o contrário. Para quem tinha antes depositado esperança nos doismileoito, era como ser agredido com um punhal feito de goma. Mas enfiado no alinhamento de “Pés Frios”, “Quinta-feira” ganha sentido, num álbum comprometido com as canções, afinal despreocupadamente pop e não encostado à parede com a ameaça “um sucesso de milhões ou a vida”. Até porque é desde logo sucedida pela grande canção do disco, “Conta Contigo”, prosseguindo depois um caminho que os torna mais íntimos dos Clã, a espaços dos Pluto, mas já longe de prestar reverência aos Ornatos. O que daí resulta é, acima de tudo, uma identidade em formação, mais autónoma e independentista do que a fornada de rock português equilibrado nas guitarras dos Stokes que surgiu a reboque d'Os Pontos Negros. A escolha, inteligente, para mexer nos botões recaiu agora sobre Nuno Rafael (director musical dos Assessores de Sérgio Godinho). Gravado em nove dias em vez dos três meses do disco de estreia, “Pés Frios” não é, curiosamente, de uma sedução imediata e pede paciência, enquanto repete um olhar cândido sobre a década de 1990 ou sobre a juvenilidade - mais explicitamente em “Noventas”, mas também noutros momentos inspirados como “Carta aos mortos” ou “Cão”. Esse lugar “quentinho e confortável”, como o vocalista Pedro Pode chama aos anos em causa, alimenta grandemente “Pés Frios”. Agora, por muito que este 2011 nos queira convencer do contrário, o Verão não dura para sempre. E estando mais ou menos fixada a sonoridade dos doismileoito com dois óptimos discos, fica por preencher o espaço para o que interessa: o passo de gigante. Há-de vir.