Platini foi ouvido pela justiça suíça e UEFA enfrenta embaraço jurídico

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Platini foi ouvido na quarta-feira por um tribunal suíço Reuters

Platini saiu do tribunal sem falar aos jornalistas, mas o director de comunicação da UEFA, Alexandre Fourtoy, disse que o presidente estava "muito contente por ter respondido a todas as perguntas", sem fornecer detalhes sobre as explicações dadas na sessão realizada à porta fechada.

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Platini saiu do tribunal sem falar aos jornalistas, mas o director de comunicação da UEFA, Alexandre Fourtoy, disse que o presidente estava "muito contente por ter respondido a todas as perguntas", sem fornecer detalhes sobre as explicações dadas na sessão realizada à porta fechada.

Tudo começou em Julho, quando a Liga suíça recusou ao Sion a inscrição de seis novos jogadores com base numa sanção aplicada ao clube pela FIFA em 2009. No entanto, o Sion disputou o play-off de acesso à fase de grupos da Liga Europa, que venceu por 3-1 no conjunto das duas mãos. Seguiu-se uma queixa do Celtic, eliminado pelos suíços: a 2 de Setembro o comité de controlo e disciplina da UEFA deu razão ao clube escocês e puniu o Sion com duas derrotas por falta de comparência.

Porém, o Sion recorreu para a justiça civil suíça e, a 13 de Setembro, o Tribunal Cantonal de Vaud (da cidade de Nyon, onde fica a sede da UEFA) deu razão ao clube, ordenando a sua reintegração na Liga Europa. O painel de emergência da UEFA confirmou a participação do Celtic, e não do Sion, na fase de grupos da Liga Europa. E as 53 federações-membro da UEFA (incluindo a suíça) declararam o apoio à decisão do organismo que tutela o futebol europeu, sublinhando que "o sistema de justiça desportiva independente é o melhor garante da igualdade e justeza para todos os participantes no desporto".

Só que o tribunal do cantão de Vaud voltou a deliberar a favor do Sion e, a 27 de Setembro, concluiu mesmo que a UEFA "abusa da sua posição dominante ao impedir o exercício da concorrência pelo Sion e pela sua equipa de futebol".

Este é, segundo José Manuel Meirim, o ponto fulcral de todo o caso. "Este é um caminho que não interessa à UEFA, porque pode acabar no Tribunal de Justiça da União Europeia", disse ao PÚBLICO. "Por isso enviaram ao tribunal do cantão de Vaud as possibilidades de reintegração do Sion na Liga Europa [ver caixa], caso a decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) venha a ser favorável ao clube", acrescentou o jurista.

O conflito entre justiça civil e desportiva é outro dos aspectos que ameaça embaraçar a UEFA. O organismo dirigido por Platini defende que é o TAD que tem competência para julgar este caso, mas as decisões contrárias da justiça civil comprometem esta convicção. "No fundo trata-se de duas entidades privadas que se digladiam nos tribunais suíços. A UEFA é uma pessoa colectiva privada sediada na Suíça", sublinhou Meirim.

A UEFA aguarda uma decisão do TAD e, entretanto, Udinese, Celtic, Atlético de Madrid e Rennes (equipas que integram o Grupo I) apresentaram ao mesmo tribunal um pedido para integrarem o processo de arbitragem entre a UEFA e o Sion. Os quatro clubes defendem que uma alteração no grupo como as que a UEFA admite causaria um grande impacto. Amanhã, os quatro clubes reúnem-se com a UEFA para discutir os vários cenários para a reintegração do Sion, na eventualidade de o clube suíço vencer o caso no TAD.

O presidente do Sion, Christian Constantin, acusou a UEFA de se considerar acima dos tribunais e exigiu compensação pelos "danos irreparáveis" causados ao clube.