Roubini defende emissão de obrigações conjuntas dos países do euro

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Alemanha e França devem "seguir o caminho" de estimular a economia na zona euro, diz Roubini Kai Pfaffenbach/Reuters

As medidas foram defendidas pelo economista italiano, que ficou célebre por ter previsto a crise financeira, numa entrevista ao jornal belga L’Echo, publicada esta terça-feira, à margem de um seminário realizado ontem em Bruxelas sobre o futuro da Europa, no qual participou.

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As medidas foram defendidas pelo economista italiano, que ficou célebre por ter previsto a crise financeira, numa entrevista ao jornal belga L’Echo, publicada esta terça-feira, à margem de um seminário realizado ontem em Bruxelas sobre o futuro da Europa, no qual participou.

“As duas únicas opções para retirar a zona euro da crise são triplicar a capacidade do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e a emissão de eurobonds [obrigações conjuntas]”, afirmou Roubini, defendendo a criação de uma "entidade supra-nacional que estabilize o sistema financeiro". “Caso contrário, a Itália e a Espanha vão cair na mesma situação em que se encontra a Grécia”, acrescentou.

O economista voltou a estimar o risco de recessão das economias avançadas, incluindo as da zona euro, na casa dos 60 por cento. No entanto, ressalvou, as “condições financeiras e os problemas da dívida soberana na Europa tornam ainda mais provável uma recessão económica na região”.

Roubini afirmou ainda que os países que têm possibilidade de lançar planos de estímulos à economia, como a França e a Alemanha, devem “seguir esse caminho, ao invés da contenção orçamental”. “A curto prazo, a austeridade orçamental pesa sobre a economia de um país. Isso inibe o investimento e o consumo”, alertou.

O economista fez ainda eco das recentes afirmações de Christine Lagarde, directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao dizer que a “recapitalização dos bancos europeus” é “necessária para restaurar a estabilidade económica”.

As declarações de Nouriel Roubini surgem no mesmo dia em que Jean-Claude Trichet e Mario Draghi, actual e futuro presidentes do Banco Central Europeu (BCE), respectivamente, pressionaram os governos nacionais a acelerar o processo de aprovação das medidas negociadas na cimeira de líderes de 21 de Julho.

Nesta reunião ficou acordada uma reforma do FEEF, que será aumentado para 440 mil milhões de euros para poder comprar dívida pública dos países endividados nos mercados secundários, mas que aguarda a ratificação dos estados-membros. Esta solução técnica tem sido provisoriamente levada a cabo pelo BCE nos últimos meses, como forma de baixar os juros de Espanha e Itália.

Uma outra solução pode passar pela emissão de obrigações conjuntas de dívida pública europeia, uma proposta que já foi anunciada pela Comissão Europeia (CE), mas que tem sido contestada por Berlim e Paris. E ontem, a agência de notação de risco de crédito Standard&Poor’s ameaçou dar rating especulativo às eurobonds.