Mapa de satélite cartografa o movimento do gelo da Antárctica

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O mapa mostra a dinâmica do gelo da Antárctica NASA

“Isto é como ver pela primeira vez um mapa de todas as correntes oceânicas. É uma rotura para a glaciologia”, disse em comunicado Eric Rignot, do Jet Propulsion Laboratory da Agência Espacial Norte Americana (NASA), que fica na Califórnia. “Estamos a ver um fluxo incrível que vem do coração do continente e que nunca foi descrito anteriormente”, disse o cientista, que é o primeiro autor do artigo.

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“Isto é como ver pela primeira vez um mapa de todas as correntes oceânicas. É uma rotura para a glaciologia”, disse em comunicado Eric Rignot, do Jet Propulsion Laboratory da Agência Espacial Norte Americana (NASA), que fica na Califórnia. “Estamos a ver um fluxo incrível que vem do coração do continente e que nunca foi descrito anteriormente”, disse o cientista, que é o primeiro autor do artigo.

O gelo da Antárctica tem uma altitude média de 1,6 quilómetros, é a maior reserva de água doce do mundo. Os cientistas querem saber qual é a dinâmica dos fluxos de gelo para tentar compreender e prever a que velocidade é que o continente está a perder este reservatório.

O trabalho foi feito no contexto do Ano Internacional Polar que decorreu em 2008 e 2009. Até agora, os cientistas tinham uma informação pobre sobre a dinâmica glaciar da região Este da Antárctica – 77 por cento do continente. Com a ajuda da informação recolhida por 900 satélites de várias agências e de mais de 3000 órbitas por aquela região, os cientistas obtiveram informação mais detalhada do que um pixel da imagem que corresponde a 300 metros de lado.

A movimentação do gelo é detectada através de uma técnica chamada de interferometria por radar de satélite, que compara imagens do mesmo local obtidas em tempos diferentes. O mapeamento dos 14 milhões de quilómetros quadrados revelou que o movimento dos gelos é muito diferente. Há regiões que se movem poucos centímetros por minuto e há outras que estão a mexer-se quilómetros por ano.

Os glaciares mais rápidos são o de Pine Island e o de Thwaites, que estão quase colados, na costa Oeste da Antárctica, cujos gelos viajam quilómetros por ano. Esta região do continente “está a experienciar no presente as mudanças mais rápidas, na maior área, e com o maior impacto no balanço final da massa de gelo”, explicou à BBC Mark Drinkwater, da Agência Espacial Europeia, que não esteve envolvido no estudo.

Os investigadores também descobriram uma nova crista a separar o Este do continente da zona Oeste e que o movimento do gelo pode estar a acontecer de uma forma diferente. “O mapa aponta algo fundamentalmente novo: que o gelo move-se deslizando ao longo do chão onde está apoiado”, disse em comunicado Thomas Wagner, especialista da NASA em gelo, que está envolvido no projecto. “Isso é um conhecimento crítico para prever o aumento do nível do mar futuro. Significa que se perdermos o gelo que está na costa do continente devido a um oceano mais quente, abrirmos a porta para a uma quantidade enorme de gelo que está no interior.”