Quatro membros do Hezbollah vão ser julgados pela morte de Rafik Hariri
Os quatro suspeitos, todos ligados ao Hezbollah, foram acusados pela morte de Hariri através de provas circunstanciais obtidas pelo acesso a vários registos telefónicos, informou a acusação.
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Os quatro suspeitos, todos ligados ao Hezbollah, foram acusados pela morte de Hariri através de provas circunstanciais obtidas pelo acesso a vários registos telefónicos, informou a acusação.
A procuradoria identificou os telemóveis e os nomes falsos que os homens usaram e reconstruíram os seus passos através das chamadas efectuadas, que coincidiram em grande medida com os movimentos de Hariri durante os meses precedentes ao atentado.
Até agora, o Líbano não deteve os suspeitos, que deverão ser julgados à revelia.
O Tribunal divulgou no mês passado os nomes dos suspeitos, fotografias e outras informações biográficas. Os homens procurados são Mustafa Amine Badreddine, 50 anos, figura importante do movimento xiita Hezbollah, Salim Jamil Ayyash, 47, Hussein Hassan Oneissi, 37, e Assad Hassan Sabra, de 34 anos. A procuradoria acusa os quatro homens de “conspiração com vista a um ataque terrorista”.
O documento oficial da acusação, de 47 páginas, alega que Mustafa Badreddine era o líder da operação. Salim Ayyash, outro membro importante do Hezbollah, é acusado de ter coordenado e perpetrado o ataque, enquanto os restantes suspeitos serão julgados por cumplicidade e por tentarem lançar falsas pistas para desencaminhar as investigações.
Rafik Hariri e outras 22 pessoas foram mortas em Fevereiro de 2005, no centro de Beirute, capital libanesa, causando uma crise política, violência e bombardeamentos que culminaram em confrontos sectários em 2008, que por sua vez colocaram o país à beira da guerra civil.
O Hezbollah tem negado veementemente qualquer envolvimento e declarou o Tribunal Especial para o Líbano uma ferramenta do Ocidente e de Israel para desacreditar o grupo rebelde.
O ex-primeiro-ministro libanês Saad Hariri, filho de Rafik Hariri, já pediu ao Hezbollah que entregue os quatro membros. "Eu espero que o comandante do Hezbollah, e em particular Hassan Nasrallah [chefe do partido xiita], tome uma decisão histórica (...) e anuncie uma cooperação total com o tribunal internacional na entrega dos acusados para que haja um julgamento justo ", disse em comunicado citado pela AFP. O Hezbollah "deve parar com a política de fuga para a frente", acrescentou.