Vizinhos dos neonazis para lutar contra eles

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Horst e Birgit Lohmeyer foram parar a Jamel por acaso; hoje continuam lá por desafio e teimosia DR

Ao longe ouve-se o barulho áspero de uma pá na gravilha; vem das traseiras de uma das casas. O caminho ao longo da rua (os Lohmeyer moram logo no início) é feito com este som ritmado, que se vai tornando mais forte à medida que avançamos. Um passo, uma pazada. Uma mulher sai com duas crianças, parece não dar pela nossa presença: os habitantes de Jamel não gostam muito de visitas; normalmente ignoram-nas, e não há registo de que nenhum deles tenha alguma vez dirigido uma palavra a qualquer jornalista alemão e muito menos a um estrangeiro. Mas, passado nem meio minuto do passeio, começa a soar muito alto uma música tipo heavy-metal, agressiva, cantada em alemão. Ecoa pela aldeia inteira. Nunca saberemos se era uma coincidência ou umas irónicas boas-vindas a alguém de fora.

É que esta é “a aldeia dos neonazis”, um local conhecido por lá viver Sven Krüger, um importante membro do partido de extrema-direita NPD (Partido Nacional Democrata) junto com várias famílias neonazis, que dominam a localidade. Os únicos habitantes que se lhes opõem são Birgit e Horst Lohmeyer, uma escritora de policiais e um músico. Eles moram lá para lutar contra os extremistas - os seus vizinhos.

À entrada de Jamel já houve uma placa que dizia: “Jamel: livre - social - nacional”, querendo dizer que aqui se defende livremente o nacional-socialismo. Mas Jamel “não é livre, não é nacional, não é social”, garante Horst Lohmeyer, pondo peso em cada palavra dos chavões contrariando os chavões nazis. “É para garantir isso que cá estamos”, sublinha, sentado à mesa da sua sala de jantar, a escassos metros das salas dos vizinhos.

Tiros na floresta

Tudo começou de um modo inconsciente: Birgit e Horst Lohmeyer procuraram, durante muito tempo, uma casa num sítio calmo para fugir do bulício de Hamburgo. Há seis anos, pensaram ter encontrado um paraíso a preço acessível em Jamel, no Nordeste do país, uma casa com jardim com um charme antigo.

Sabiam que perto vivia um conhecido membro de um partido de extrema-direita, mas não sabiam ainda das histórias que se viriam a tornar lendas locais: sessões de tiro na floresta, crianças a fazer saudações nazis, festas com homens bêbados a cantar hinos nacional-socialistas. Não sabiam que Jamel iria transcender a sua minúscula dimensão por ser “a aldeia dos neonazis”.

Os Lohmeyer foram restaurando a casa e instalaram-se lá. O plano era ter uma vida calma e simples: Ela escreveria aqui os seus livros policiais, ele faria a sua música. Mas, pouco a pouco, foram-se apercebendo da influência de Sven Krüger no local, e foram vendo as pessoas que discordavam dele serem afastadas.

Mas em vez de sair ou de se tentarem afastar, decidiram ficar. Birgit e Horst nunca tinham ligado nenhuma a política; agora, a luta deles é esta: contra a extrema-direita. Por isso vivem entre dez famílias de cabeças-rapadas neste pequeno lugarejo, numa casa cheia de panfletos e jornais activistas, e recentemente foram convidados para uma audiência com o Presidente Christian Wulff, em Berlim.

O que começou como um sonho de vida no campo de um casal apanhado numa situação inesperada tornou-se agora num claro, e pensado, acto de desafio e, sim, admitem os Lohmeyer, de teimosia.

A casa dos Lohmeyer é um paraíso com uma ligeira aura new age, com móveis antigos e do IKEA ao pé das lareiras com tijoleira. O jardim está cuidado, mas num estilo despreocupado, com plantas meio desordenadas e gatos a espreguiçarem-se ao sol.

Passado o portão para a estrada, parece que alguém mexeu nas definições de cor da imagem de Jamel e tudo fica menos vivo. O verde torna-se poeira. Algumas casas parecem mais novas, outras quase mais prefabricadas, muitas fazem lembrar pequenos estaleiros: quase todas têm uma betoneira nas traseiras. Parece haver um movimento constante de construição e demolição, mesmo que apenas nos quintais.

"Fazemos o trabalho sujo"

Na casa de Sven Krüger há um grande contentor azul onde se lê “Somos a esperança dos jovens” e “Fazemos o trabalho sujo”. As frases são os slogans da sua empresa de demolições, e esta é a casa do homem que é uma espécie de líder local: para além de uma alta posição no NPD local, emprega a aldeia inteira e é também senhorio de praticamente toda a gente que vive em Jamel. Krüger foi pioneiro - aliás, terá sido dele a ideia de comprar as casas do local, e de afastar quem discordava dele, através de uma campanha de boicotes e medo.

Do quintal dos Lohmeyer ouve-se a conversa de uma mulher que fala ao telefone quase aos gritos. Como será lutar contra aqueles ao lado de quem se vive?

"Não nos cruzamos muito com eles”, explica o casal. “Não temos vida social nos mesmos sítios, vamos às compras em locais diferentes... não os estamos sempre a encontrar”. Jamel é tão pequena que acaba por ser grande: não há ali um café, uma mercearia, nada, por isso tudo é feito nas imediações.

E os vizinhos “são todos um bocado parecidos”, comenta Birgit, com só um pouco de ironia. “Às vezes é difícil distinguir quem é quem.” Os Lohmeyer vislumbram, no entanto, algumas coisas da vida em Jamel. “Viverão aqui várias constelações de famílias, não sabemos exactamente quais: numa casa vive um adulto com crianças, noutra vários adultos não se percebe se são familiares, se estão a partilhar casa...” Há crianças: “Cerca de dez a doze, a maior terá onze anos”. Durante o Verão, os miúdos desaparecem. “Devem estar naqueles campos onde depois são doutrinadas. A organização Juventude Alemã Fiel à Pátria (HDJ) foi recentemente ilegalizada, mas de certeza que há outras a fazer a mesma coisa: as crianças desaparecem mas os adultos continuam cá. Não são férias de família”, diz Birgit.

A sua presença vê-se num ou outro baloiço num ou outro quintal, depois de se passar uma pequena rotunda com um pequeno carro de polícia, de madeira, que quase parece uma relíquia vintage. O carro já teve uma matrícula diferente: o número 88, muito usado pelos neonazis para indicar as letras HH, de Heil Hitler, a saudação nazi. Foi na mesma altura em que a placa referia que Jamel era livre e nacional-social, e que uma série de setas de madeira apontava a direcção e distância de vários locais, incluindo Braunau, onde nasceu Adolf Hitler.

Esses sinais violam as leis alemãs que proíbem a exibição de símbolos nazis. Por isso todo o conjunto foi retirado. Mas para mostrar que não estavam vencidos, os neonazis de Jamel pintaram uma reprodução num enorme mural - de modo a que se veja bem da casa dos Lohmeyer. Os extremistas alemães conhecem bem estas leis para melhor as poderem contornar, sublinham Birgit e Horst: a empresa de demolições de Krüger, por exemplo, mostra um punho a esmagar uns restos de uma estrela de David. Mas como se trata de pedaços do que poderia ser uma estrela e não da própria estrela, não entra nos símbolos anti-semitas proibidos.

Saber-se um alvo

Sven Krüger está, no entanto, preso: no início deste ano, a polícia encontrou uma arma e mais de 2 mil munições em sua casa. Os Lohmeyer ficaram contentes com a pequena vitória, mas também um pouco mais temerosos. “Saber que alguém que mora ao lado tem centenas de munições é assustador”, admite Horst.

A vida do casal em Jamel não passou, claro, sem actos de intimidação: “Podem ser animais mortos no nosso quintal... já houve cartazes contra um festival que fazemos todos os Verões na aldeia...”, enumera Birgit. “Felizmente, têm sido só coisas pequenas”. Mas isto implica alguma instabilidade: os Lohmeyer vivem com a noção de que são um alvo para os seus vizinhos ("é uma situação muito insegura"), não se afastam de casa mais do que um dia ("não sabemos o que poderia acontecer se saíssemos"), temem as noites de festa (contam a vez em que Krüger se casou e o minúsculo lugar ficou cheio de centenas de neonazis bêbados: “É sempre mais assustador quando ouvimos que se embebedam”.)

A maioria dos ataques levados a cabo pelos habitantes de Jamel serão, no entanto, fora: “Eles não querem sarilhos no sítio onde os seus filhos vivem”, nota Horst. Mas à volta de Jamel há frequentemente acções violentas contra organizações não-governamentais ou sedes de outros partidos. No estado federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental foram registados, no ano passado, 40 ataques de neonazis, desde pedras atiradas a janelas de partidos políticos a cocktails molotov ou fogo-de-artifício numa caixa de correio de um procurador.

Perante a ameaça, a porta de casa de Birgit e Horst parece estranhamente frágil: é uma porta de madeira com vidro, já antiga, que ao abrir range as dobradiças e faz tilintar um espanta-espíritos - o que faz pensar em que medidas de segurança terão eles. Birgit sorri, os olhos enquadrados por uns óculos de gato, tipo anos cinquenta, de tartaruga: “Disso não falamos.”

Não restam dúvidas: Os Lohmeyer são uma ilha. Muitos não compreendem a sua opção de viver aqui. Mas para eles não há outra maneira: sair seria deixar a cidade à mercê dos neonazis. Seria perder esta luta.

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Ao longe ouve-se o barulho áspero de uma pá na gravilha; vem das traseiras de uma das casas. O caminho ao longo da rua (os Lohmeyer moram logo no início) é feito com este som ritmado, que se vai tornando mais forte à medida que avançamos. Um passo, uma pazada. Uma mulher sai com duas crianças, parece não dar pela nossa presença: os habitantes de Jamel não gostam muito de visitas; normalmente ignoram-nas, e não há registo de que nenhum deles tenha alguma vez dirigido uma palavra a qualquer jornalista alemão e muito menos a um estrangeiro. Mas, passado nem meio minuto do passeio, começa a soar muito alto uma música tipo heavy-metal, agressiva, cantada em alemão. Ecoa pela aldeia inteira. Nunca saberemos se era uma coincidência ou umas irónicas boas-vindas a alguém de fora.

É que esta é “a aldeia dos neonazis”, um local conhecido por lá viver Sven Krüger, um importante membro do partido de extrema-direita NPD (Partido Nacional Democrata) junto com várias famílias neonazis, que dominam a localidade. Os únicos habitantes que se lhes opõem são Birgit e Horst Lohmeyer, uma escritora de policiais e um músico. Eles moram lá para lutar contra os extremistas - os seus vizinhos.

À entrada de Jamel já houve uma placa que dizia: “Jamel: livre - social - nacional”, querendo dizer que aqui se defende livremente o nacional-socialismo. Mas Jamel “não é livre, não é nacional, não é social”, garante Horst Lohmeyer, pondo peso em cada palavra dos chavões contrariando os chavões nazis. “É para garantir isso que cá estamos”, sublinha, sentado à mesa da sua sala de jantar, a escassos metros das salas dos vizinhos.

Tiros na floresta

Tudo começou de um modo inconsciente: Birgit e Horst Lohmeyer procuraram, durante muito tempo, uma casa num sítio calmo para fugir do bulício de Hamburgo. Há seis anos, pensaram ter encontrado um paraíso a preço acessível em Jamel, no Nordeste do país, uma casa com jardim com um charme antigo.

Sabiam que perto vivia um conhecido membro de um partido de extrema-direita, mas não sabiam ainda das histórias que se viriam a tornar lendas locais: sessões de tiro na floresta, crianças a fazer saudações nazis, festas com homens bêbados a cantar hinos nacional-socialistas. Não sabiam que Jamel iria transcender a sua minúscula dimensão por ser “a aldeia dos neonazis”.

Os Lohmeyer foram restaurando a casa e instalaram-se lá. O plano era ter uma vida calma e simples: Ela escreveria aqui os seus livros policiais, ele faria a sua música. Mas, pouco a pouco, foram-se apercebendo da influência de Sven Krüger no local, e foram vendo as pessoas que discordavam dele serem afastadas.

Mas em vez de sair ou de se tentarem afastar, decidiram ficar. Birgit e Horst nunca tinham ligado nenhuma a política; agora, a luta deles é esta: contra a extrema-direita. Por isso vivem entre dez famílias de cabeças-rapadas neste pequeno lugarejo, numa casa cheia de panfletos e jornais activistas, e recentemente foram convidados para uma audiência com o Presidente Christian Wulff, em Berlim.

O que começou como um sonho de vida no campo de um casal apanhado numa situação inesperada tornou-se agora num claro, e pensado, acto de desafio e, sim, admitem os Lohmeyer, de teimosia.

A casa dos Lohmeyer é um paraíso com uma ligeira aura new age, com móveis antigos e do IKEA ao pé das lareiras com tijoleira. O jardim está cuidado, mas num estilo despreocupado, com plantas meio desordenadas e gatos a espreguiçarem-se ao sol.

Passado o portão para a estrada, parece que alguém mexeu nas definições de cor da imagem de Jamel e tudo fica menos vivo. O verde torna-se poeira. Algumas casas parecem mais novas, outras quase mais prefabricadas, muitas fazem lembrar pequenos estaleiros: quase todas têm uma betoneira nas traseiras. Parece haver um movimento constante de construição e demolição, mesmo que apenas nos quintais.

"Fazemos o trabalho sujo"

Na casa de Sven Krüger há um grande contentor azul onde se lê “Somos a esperança dos jovens” e “Fazemos o trabalho sujo”. As frases são os slogans da sua empresa de demolições, e esta é a casa do homem que é uma espécie de líder local: para além de uma alta posição no NPD local, emprega a aldeia inteira e é também senhorio de praticamente toda a gente que vive em Jamel. Krüger foi pioneiro - aliás, terá sido dele a ideia de comprar as casas do local, e de afastar quem discordava dele, através de uma campanha de boicotes e medo.

Do quintal dos Lohmeyer ouve-se a conversa de uma mulher que fala ao telefone quase aos gritos. Como será lutar contra aqueles ao lado de quem se vive?

"Não nos cruzamos muito com eles”, explica o casal. “Não temos vida social nos mesmos sítios, vamos às compras em locais diferentes... não os estamos sempre a encontrar”. Jamel é tão pequena que acaba por ser grande: não há ali um café, uma mercearia, nada, por isso tudo é feito nas imediações.

E os vizinhos “são todos um bocado parecidos”, comenta Birgit, com só um pouco de ironia. “Às vezes é difícil distinguir quem é quem.” Os Lohmeyer vislumbram, no entanto, algumas coisas da vida em Jamel. “Viverão aqui várias constelações de famílias, não sabemos exactamente quais: numa casa vive um adulto com crianças, noutra vários adultos não se percebe se são familiares, se estão a partilhar casa...” Há crianças: “Cerca de dez a doze, a maior terá onze anos”. Durante o Verão, os miúdos desaparecem. “Devem estar naqueles campos onde depois são doutrinadas. A organização Juventude Alemã Fiel à Pátria (HDJ) foi recentemente ilegalizada, mas de certeza que há outras a fazer a mesma coisa: as crianças desaparecem mas os adultos continuam cá. Não são férias de família”, diz Birgit.

A sua presença vê-se num ou outro baloiço num ou outro quintal, depois de se passar uma pequena rotunda com um pequeno carro de polícia, de madeira, que quase parece uma relíquia vintage. O carro já teve uma matrícula diferente: o número 88, muito usado pelos neonazis para indicar as letras HH, de Heil Hitler, a saudação nazi. Foi na mesma altura em que a placa referia que Jamel era livre e nacional-social, e que uma série de setas de madeira apontava a direcção e distância de vários locais, incluindo Braunau, onde nasceu Adolf Hitler.

Esses sinais violam as leis alemãs que proíbem a exibição de símbolos nazis. Por isso todo o conjunto foi retirado. Mas para mostrar que não estavam vencidos, os neonazis de Jamel pintaram uma reprodução num enorme mural - de modo a que se veja bem da casa dos Lohmeyer. Os extremistas alemães conhecem bem estas leis para melhor as poderem contornar, sublinham Birgit e Horst: a empresa de demolições de Krüger, por exemplo, mostra um punho a esmagar uns restos de uma estrela de David. Mas como se trata de pedaços do que poderia ser uma estrela e não da própria estrela, não entra nos símbolos anti-semitas proibidos.

Saber-se um alvo

Sven Krüger está, no entanto, preso: no início deste ano, a polícia encontrou uma arma e mais de 2 mil munições em sua casa. Os Lohmeyer ficaram contentes com a pequena vitória, mas também um pouco mais temerosos. “Saber que alguém que mora ao lado tem centenas de munições é assustador”, admite Horst.

A vida do casal em Jamel não passou, claro, sem actos de intimidação: “Podem ser animais mortos no nosso quintal... já houve cartazes contra um festival que fazemos todos os Verões na aldeia...”, enumera Birgit. “Felizmente, têm sido só coisas pequenas”. Mas isto implica alguma instabilidade: os Lohmeyer vivem com a noção de que são um alvo para os seus vizinhos ("é uma situação muito insegura"), não se afastam de casa mais do que um dia ("não sabemos o que poderia acontecer se saíssemos"), temem as noites de festa (contam a vez em que Krüger se casou e o minúsculo lugar ficou cheio de centenas de neonazis bêbados: “É sempre mais assustador quando ouvimos que se embebedam”.)

A maioria dos ataques levados a cabo pelos habitantes de Jamel serão, no entanto, fora: “Eles não querem sarilhos no sítio onde os seus filhos vivem”, nota Horst. Mas à volta de Jamel há frequentemente acções violentas contra organizações não-governamentais ou sedes de outros partidos. No estado federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental foram registados, no ano passado, 40 ataques de neonazis, desde pedras atiradas a janelas de partidos políticos a cocktails molotov ou fogo-de-artifício numa caixa de correio de um procurador.

Perante a ameaça, a porta de casa de Birgit e Horst parece estranhamente frágil: é uma porta de madeira com vidro, já antiga, que ao abrir range as dobradiças e faz tilintar um espanta-espíritos - o que faz pensar em que medidas de segurança terão eles. Birgit sorri, os olhos enquadrados por uns óculos de gato, tipo anos cinquenta, de tartaruga: “Disso não falamos.”

Não restam dúvidas: Os Lohmeyer são uma ilha. Muitos não compreendem a sua opção de viver aqui. Mas para eles não há outra maneira: sair seria deixar a cidade à mercê dos neonazis. Seria perder esta luta.