Fleet Foxes

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Súmula de folk e rock que os seus pais, avós e, provavelmente, bisavós ouviam, o colectivo de Seattle, na casa dos vinte e poucos, parece vir de outro planeta, de uma floresta encantada ou de uma congregação religiosa isolada do mundo. Já se percebeu, a sua música é inclusiva e capaz de projectar imaginários. É também produto de um tempo onde existe essa ideia - resultante de vários equívocos, mas isso é toda uma outra história - de que todas as artes estão formalmente esgotadas e é necessário regressar à fonte da vida. Também por isso, existe neste disco um retorno ao concreto da existência, à essência humana, camaradagem, amizade, amor. Não é muito vistoso. Não são metáforas de arte sobre arte. Mas é muito bom. Sim, é um disco de 2008 gravado como se estivéssemos em 1967. Mas também acontece que é um disco de 2008 melhor do que a esmagadora dos clássicos que foram lançados em 1967. Estão a ver? Se não estiverem, não é grave. São apenas alegações para tentar validar que esta música é magnífica. O resto é memória. A memória da folk inglesa da Incredible String Band, fonte de mística campestre e coros harmónicos. A reminiscência de alguma da música mais exultante e elevadora, que também a ouve, de Simon & Garfunkel ou dos Fletwood Mac. A lembrança de uma Califórnia, mais mítica do que real, dos Beach Boys. Mas, depois de tudo digerido, assombro, eleva-se uma pop tão barroca quanto bucólica, guiada por guitarras acústicas, pianos em cascata, blocos harmónicos e coros - evocadores, em partes iguais - de cânticos célticos, gregorianos, profundamente americanos. São canções mais escapistas do que idealistas, mas evocadoras de uma ruralidade e religiosidade pagã que não se encontra na maior parte da música actual. Talvez por isso, mesmo quando o som não é propriamente novo, eles nos consigam fazer acreditar que é.

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Súmula de folk e rock que os seus pais, avós e, provavelmente, bisavós ouviam, o colectivo de Seattle, na casa dos vinte e poucos, parece vir de outro planeta, de uma floresta encantada ou de uma congregação religiosa isolada do mundo. Já se percebeu, a sua música é inclusiva e capaz de projectar imaginários. É também produto de um tempo onde existe essa ideia - resultante de vários equívocos, mas isso é toda uma outra história - de que todas as artes estão formalmente esgotadas e é necessário regressar à fonte da vida. Também por isso, existe neste disco um retorno ao concreto da existência, à essência humana, camaradagem, amizade, amor. Não é muito vistoso. Não são metáforas de arte sobre arte. Mas é muito bom. Sim, é um disco de 2008 gravado como se estivéssemos em 1967. Mas também acontece que é um disco de 2008 melhor do que a esmagadora dos clássicos que foram lançados em 1967. Estão a ver? Se não estiverem, não é grave. São apenas alegações para tentar validar que esta música é magnífica. O resto é memória. A memória da folk inglesa da Incredible String Band, fonte de mística campestre e coros harmónicos. A reminiscência de alguma da música mais exultante e elevadora, que também a ouve, de Simon & Garfunkel ou dos Fletwood Mac. A lembrança de uma Califórnia, mais mítica do que real, dos Beach Boys. Mas, depois de tudo digerido, assombro, eleva-se uma pop tão barroca quanto bucólica, guiada por guitarras acústicas, pianos em cascata, blocos harmónicos e coros - evocadores, em partes iguais - de cânticos célticos, gregorianos, profundamente americanos. São canções mais escapistas do que idealistas, mas evocadoras de uma ruralidade e religiosidade pagã que não se encontra na maior parte da música actual. Talvez por isso, mesmo quando o som não é propriamente novo, eles nos consigam fazer acreditar que é.