A final portuguesa

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Hugo Correia/Reuters (Arquivo)

Portistas e minhotos são velhos conhecidos e adversários frequentes. Nunca uma final europeia opôs adversários tão próximos – bate o confronto de 1988 entre os belgas do Mechelen e os holandeses do PSV Eindhoven, apesar de em países diferentes, separados por 83,8km – e não será a final mais desejada pela UEFA. Não será, pelo menos, a mais mediática.

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Portistas e minhotos são velhos conhecidos e adversários frequentes. Nunca uma final europeia opôs adversários tão próximos – bate o confronto de 1988 entre os belgas do Mechelen e os holandeses do PSV Eindhoven, apesar de em países diferentes, separados por 83,8km – e não será a final mais desejada pela UEFA. Não será, pelo menos, a mais mediática.

Para a maioria da Europa do futebol, que saliva pela iminente final da Liga dos Campeões em Londres, entre Manchester United e Barcelona, uma final entre clubes portugueses será, no futuro, encarada mais como uma curiosidade estatística. Até os irlandeses, que recebem uma final europeia pela primeira vez, pouco parecem ligar ao confronto luso. Estão mais preocupados com a visita de Isabel II, rainha de Inglaterra – a primeira vez que um monarca britânico visita o país desde a independência.

Na capital irlandesa, FC Porto e Sp. Braga estão instalados em hotéis cuja distância é mais ou menos a mesma entre as duas cidades do norte português. A Arena de Dublin, majestoso palco da final, fica mais ou menos no meio. Mais distante é a história e experiência europeia dos clubes. Para o FC Porto é a oportunidade de conquistar o seu quarto troféu, depois de se ter sagrado campeão europeu em 1987 e 2004 e de ter vencido a Taça UEFA (nestas contas não está incluída a Supertaça Europeia, troféu que prevê apenas um jogo), tendo perdido apenas uma das finais que disputou, a da Taça das Taças de 1984, em Basileia, para a Juventus. Para o Sp. Braga, é uma estreia total, depois de um longo trajecto, iniciado em Agosto do ano passado para aceder à fase de grupos da Liga dos Campeões, em que já afastou três antigos campeões europeus, Celtic, Liverpool e Benfica – o FC Porto será o quarto que irá defrontar nesta temporada.

Final de libertação

Domingos e Villas-Boas, um conhecido pelo nome próprio, o outro pelo apelido, têm algo a provar na final de hoje. Domingos quer cortar a ligação ao FC Porto que o acompanha desde os tempos em que era um avançado goleador. O técnico, que antes parecia ser sempre uma reserva portista para uma emergência, admitia ontem que encontrar o FC Porto nesta final foi uma “ironia do destino boa para a sua carreira”.

Da qualidade de Villas-Boas também ninguém duvida. Depois da autoridade com que conduziu o FC Porto ao título, se vencer hoje será, aos 33 anos, o técnico mais jovem de sempre a ganhar uma final europeia, ele que está apenas na sua segunda época (primeira completa) como treinador principal. Mas ainda tem a sombra de José Mourinho, que acompanhou desde o Porto até Milão, a pairar sobre si e a conferência de imprensa de ontem prova-o. Pensam nele ainda como um discípulo e não como um mestre. Hoje, Villas-Boas pode dar um passo importante na construção da sua própria lenda.