Mais de 400 mil mulheres são violadas por ano na República Democrática do Congo

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Mais de mil mulheres por dia sofrem abusos sexuais na RDC Katrina Manson/Reuters

A conclusão foi publicada num estudo do "American Journal of Public Health", divulgado nesta quarta-feira, e revela que a violência sexual é 26 vezes mais comum do que se estimava anteriormente – de acordo com um estudo da ONU, o número nos mesmos doze meses era de 15 mil mulheres.

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A conclusão foi publicada num estudo do "American Journal of Public Health", divulgado nesta quarta-feira, e revela que a violência sexual é 26 vezes mais comum do que se estimava anteriormente – de acordo com um estudo da ONU, o número nos mesmos doze meses era de 15 mil mulheres.

A investigação teve em conta dados recolhidos pelo Governo entre 2006 e 2007 e informações dadas por 3400 mulheres, com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos. A partir daí os investigadores fizeram um cálculo nacional.

Segundo o estudo norte-americano, 60 por cento dos abusadores são familiares ou maridos das vítimas, fazendo com que na maioria das situações, as violações aconteçam dentro da própria casa das vítimas.

Para Tia Palermo, umas das autoras do estudo, “em nenhum lugar do Congo, uma mulher está a salvo da violência sexual”. Palermo disse ainda à Reuters sentir-se surpreendida com o alto número de violações em áreas que não estão afectadas por conflitos armados.

“Os nossos resultados confirmam que os cálculos prévios de violação e abuso sexual são severas subestimações da verdadeira prevalência da violência sexual”, disse Amber Peterman, outra das autoras do estudo à AFP.

Peterman adiantou ainda que estes novos e mais elevados números “representam uma previsão conservadora da violência sexual” já que há uma “falta de denúncias”. Também Tia Palermo referiu que a previsão era conservadora, mas que ainda assim era o estudo mais preciso até hoje publicado.

Já Beatrix Attinger Colijn, responsável da equipa da ONU na luta contra a violência sexual no Congo, expressou as suas dúvidas quanto à veracidade dos números. “Parece-me um tipo limitado de estudo. Nós tentamos afastarmo-nos dos números e dar um contexto de análise às razões por que a violência sexual acontece”, referiu Colijn à Reuters, criticando também o facto de as estatísticas serem de há cinco anos, não sendo relevantes para a actual situação.

Colijn disse também que não eram necessários números para saber que “a violência sexual é um problema” e que há muitos outros tipos de violência e de violação de direitos humanos que deviam ser abordados.