Novo banho de sangue na cidade síria de Deraa

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Milhares de pessoas saíram à rua para protestar contra a repressão em Deraa Reuters

“Deraa está completamente cercada por tanques e tropas. Há snipers nos telhados dos edifícios, nos depósitos de água e até nas mesquitas”, contou à Al-Jazira um morador da cidade, onde não há água nem electricidade e começa a faltar comida. Foi em solidariedade com Deraa — onde na sexta-feira anterior mais de 80 pessoas morreram — que milhares saíram ontem à rua, em Homs, Banias e Latakia (Centro), mas também nas zonas curdas do Nordeste e na capital, Damasco, que assistiu ao maior protesto desde o início da contestação, há seis semanas.

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“Deraa está completamente cercada por tanques e tropas. Há snipers nos telhados dos edifícios, nos depósitos de água e até nas mesquitas”, contou à Al-Jazira um morador da cidade, onde não há água nem electricidade e começa a faltar comida. Foi em solidariedade com Deraa — onde na sexta-feira anterior mais de 80 pessoas morreram — que milhares saíram ontem à rua, em Homs, Banias e Latakia (Centro), mas também nas zonas curdas do Nordeste e na capital, Damasco, que assistiu ao maior protesto desde o início da contestação, há seis semanas.

Um vídeo colocado na Internet mostra milhares a desfilar pelo bairro de Midan, gritando palavras de ordem contra o regime de Bashar al-Assad. A veracidade das imagens não pôde ser confirmada, mas testemunhas disseram à Reuters que dez mil pessoas participaram no protesto, dispersado com granadas de gás lacrimogéneo.

A repressão foi mais violenta em Homs, onde há notícia de 15 vítimas mortais, incluindo uma criança, e em Latakia um manifestante foi morto pelas balas reais usadas pela polícia.

Mas o banho de sangue aconteceria de novo em Deraa. Testemunhas contam que milhares de pessoas, vindas das aldeias vizinhas, tentaram levar ajuda à cidade, sitiada desde segunda-feira pela divisão comandada pelo irmão mais novo de Assad, Maher. “Eles dispararam contra as pessoas junto à entrada Oeste”, contou um activista à Reuters. Um hospital próximo disse ter recebido 15 corpos. Horas depois, o Observatório dos Direitos Humanos sírio falava já em 32 mortos.

Dentro da cidade, a situação é ainda mais dramática. “O cheiro é pestilento em algumas zonas, porque há cadáveres a apodrecer nas ruas. Ninguém pode ir buscá-los porque se arrisca a ser baleado”, contou à Al-Jazira o mesmo morador. O advogado Tamer al-Jahamani disse à Reuters que desde o início da semana foram recolhidos 83 corpos, alguns dos quais estão guardados em camiões frigoríficos.

Depois de na véspera ter repetido que não toleraria qualquer manifestação, o regime manteve-se ontem em silêncio. Apenas a agência oficial Sanaa noticiou que “grupos terroristas armados” mataram quatro soldados em Deraa e três polícias em Homs.

À mesma hora, em Genebra, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU aprovava uma resolução repudiando “explicitamente o uso de violência letal contra manifestantes pacíficos” e decidindo o envio de uma missão para investigar “as alegadas violações dos direitos humanos”. O documento, que não contou com o apoio da Rússia, China e de quatro países árabes, surge dois dias depois de o Conselho de Segurança não ter conseguido chegar a acordo para condenar a violência.

Depois disso, o Presidente norte-americano, Barack Obama, assinou uma ordem impondo sanções económicas a várias entidades e dirigentes sírios, incluindo a Maher al-Assad. E a União Europeia confirmou a intenção de proibir a venda de armas a Damasco — esforços ténues para dobrar um regime que até agora se tem revelado imune às pressões externas.