As Quatro Voltas

Aproximação a um panteísmo popular, sincrético quanto baste, e sua ritualização: podia resumir-se assim o projecto de Frammartino em "As Quatro Voltas", e isso seria o bastante para perceber até que ponto este é um filme que se tenta aproximar de alguns dos momentos mais nobres (quer dizer, mais plebeus) da história do cinema italiano, tão despovoado hoje de quem queira fazer alguma coisa com essa história (e o pobre Moretti não pode tudo).

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Aproximação a um panteísmo popular, sincrético quanto baste, e sua ritualização: podia resumir-se assim o projecto de Frammartino em "As Quatro Voltas", e isso seria o bastante para perceber até que ponto este é um filme que se tenta aproximar de alguns dos momentos mais nobres (quer dizer, mais plebeus) da história do cinema italiano, tão despovoado hoje de quem queira fazer alguma coisa com essa história (e o pobre Moretti não pode tudo).


Não tão longe assim, na ideia e no espaço, das desbragadas farsas de Cipri e Maresco, mas obviamente escolhendo o caminho oposto (mais directo ou mais sinuoso do que o daquela dupla, "à vous de choisir"), que passa por uma fixação no cerimonial solenemente vivido. Um poucochinho demasiado "redondo", à beira de algum maneirismo? Talvez, mas é um objecto forte e convenientemente rugoso, filme que é em si mesmo uma resistência ("passiva") a qualquer coisa, e isso é importante.