Poluição por azoto custa 320 mil milhões de euros por ano à Europa

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A produção de carne necessita de grandes quantidades de adubo Yves Herman/Reuters (arquivo)

Um estudo que reuniu 200 especialistas europeus e foi apresentado esta semana durante uma conferência em Edimburgo, na Escócia, mostra que as libertações de azoto na agricultura e durante a queima de combustíveis fósseis causam problemas de saúde e têm um grande impacto na biodiversidade.

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Um estudo que reuniu 200 especialistas europeus e foi apresentado esta semana durante uma conferência em Edimburgo, na Escócia, mostra que as libertações de azoto na agricultura e durante a queima de combustíveis fósseis causam problemas de saúde e têm um grande impacto na biodiversidade.

Apesar de a União Europeia ter diminuído as emissões de azoto nas últimas décadas, o aumento na circulação de veículos e a utilização de adubos na agricultura ainda são um problema.

“Quase metade da população do mundo depende de fertilizantes sintéticos para alimentação, que são feitos a partir de azoto, mas são necessárias medidas que reduzam o impacto desta poluição”, disse, citado pela Reuters, Mark Sutton, do Centro para a Ecologia e Hidrologia do Reino Unido. “As soluções passam pelo uso mais eficiente dos fertilizantes e uma escolha por parte das pessoas para que comam menos carne.”

A agricultura é responsável por 70 por cento das emissões de azoto na Europa. Mas muito da produção agrícola vai directamente para a alimentação pecuária. “Se os europeus obtivessem toda as proteínas a partir das plantas, só 30 por cento das culturas existentes hoje é que seriam precisas, o que reduziria a entrada de fertilizantes de azoto e a sua poluição em 70 por cento”, disse à revista Nature Mark Sutton, que dirigiu o relatório.

O azoto é o principal gás que compõe a atmosfera. Na sua forma pura, é inerte. Mas as formas oxidadas deste elemento são poluentes. Podem gerar ozono ao nível do solo, que é irritante, ou ajudarem à existência de poluição fotoquímica - conhecida pelo termo em inglês smog.

Os nitratos lançados na natureza a partir dos fertilizantes podem também provocar cancro do intestino. Estas substâncias são ainda responsáveis pela proliferação de algas em rios e lagos, cuja decomposição consome o oxigénio, podendo provocar a morte de peixes.

O relatório de 600 páginas reuniu especialistas de 21 países e 89 organizações.