Líder da oposição do Uganda alvejado pelo exército em manifestação

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Vários civis ficaram feridos no protesto Edward Echwalu/Reuters

Besigye participava numa caminhada de centenas de pessoas nos subúrbios da capital, em protesto contra o aumento dos preços dos alimentos e do combustível, na segunda manifestação do género já esta semana convocada por partidos da oposição e grupos da sociedade civil.

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Besigye participava numa caminhada de centenas de pessoas nos subúrbios da capital, em protesto contra o aumento dos preços dos alimentos e do combustível, na segunda manifestação do género já esta semana convocada por partidos da oposição e grupos da sociedade civil.

Testemunhas relatam às agências noticiosas que a polícia disparou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão e terá tentado mesmo impedir o líder da oposição de se juntar à caminhada, quando este saía de sua casa em Kasangati, nos subúrbios de Kampala, para fazer a pé o trajecto até ao trabalho, no centro da capital, respondendo à chamada de protesto.

Alguns dos manifestantes rodearam então Besigye para que este não fosse detido e à chegada dos soldados a situação agravou-se, tendo o líder da oposição acabado alvejado numa mão. “[Besigye] foi ferido num dedo por uma bala de plástico. E levámo-lo ao hospital para avaliar a gravidade do ferimento”, indicou um dos colaboradores do líder da oposição, Patrick Wakidi, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

O relato foi confirmado depois pelo secretário-geral da Cruz Vermelha ugandesa, Michael Richard Nataka. Esta mesma fonte relatou que Besigye foi assistido no hospital a par de outras trinta pessoas feridas também no decurso dos confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança

“É verdade que [Besigye] foi ferido. Ele caiu ao chão e torceu o braço na queda, mas não é nada de grave. O que vimos foi que então apareceu uma ambulância da Cruz Vermelha na qual ele entrou. Cremos que foi levado para o hospital”, sustentou por seu lado o porta-voz da polícia, Vincent Sekate.

Derrotado nas eleições de Fevereiro pelo Presidente Yoweri Museveni (no poder desde 1986) – que Besigye denuncia como fraudulentas –, o líder da oposição ugandesa apelou, ainda durante a campanha, a uma revolta popular no país similar às que derrubaram os regimes de décadas na Tunísia e Egipto nos últimos três meses.

Várias outras figuras de topo da oposição foram detidas pela polícia em outras zonas de Kampala, quando participavam nesta caminhada de “casa para o trabalho”, tendo as forças de segurança bloqueado o acesso a algumas das principais vias rodoviárias da cidade depois de os manifestantes terem tentado montar barricadas.

No protesto de segunda-feira, vários políticos da oposição, incluindo Besigye – antigo aliado e médico pessoal de Museveni – foram detidos pela polícia, acusados de instigarem violência e mais tarde libertados.

Notícia actualizada às 13h10