Escolas vão dar refeições nas férias da Páscoa

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Pais dizem que escolas, para além de servirem refeições, deviam ter actividades para as crianças Foto: Jorge Miguel Gonçalves/NFactos

"Os resultados ficaram aquém do esperado. Foi um pouco assim em todo o país, pelo menos pela troca de ex- periências com outras autarquias", diz Teresa Menalha, vereadora da Educação da autarquia de Loulé.

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"Os resultados ficaram aquém do esperado. Foi um pouco assim em todo o país, pelo menos pela troca de ex- periências com outras autarquias", diz Teresa Menalha, vereadora da Educação da autarquia de Loulé.

Apesar de, em Faro, a adesão no Natal ter sido fraca, as cantinas vão voltar a abrir e já há 50 inscritos. "Abrimos as cantinas no período do Natal e num fim-de-semana e a adesão ficou aquém. Não sei se é por uma questão de pudor. Tivemos situações em que se inscreveram, encomendámos comida e depois não apareceram", conta o autarca Macário Correia, acrescentando que, no Natal, dos cerca de 40 inscritos, "só apareceu metade".

A Câmara de Loulé só deverá decidir no fim da semana se volta a abrir: "Até lá, vamos pensar em alternativas mais cómodas, porque ir à escola e voltar implica sempre transporte", diz Teresa Menalha. Uma das soluções poderá passar por encaminhar a comida para as famílias carenciadas. Foi também assim que, no período do Natal, distribuíram a comida que sobrou, já que dos 300 inscritos, apenas cerca de 100 apareceram. "Houve mesmo um ou outro dia em que não se justificava ter aberto", diz a vereadora.

Pais discordam

Também no refeitório que serve o bairro Casal das Figueiras, uma "zona carenciada" de Setúbal, ninguém apareceu, diz a directora do Agrupamento de Escolas Lima de Freitas. Apesar disso, este ano voltou a circular um comunicado pelas salas explicando que o sistema se mantém - é a autarquia que paga as refeições a mais.

O que pode explicar a fraca adesão? "Aqui há muitas crianças que, nas férias, vão para outras zonas do país, para casa de familiares. Por outro lado, este sistema era uma novidade", avança Teresa Menalha. Outra possibilidade é o facto de ter havido muitas "manifestações de solidariedade que ajudaram pessoas carenciadas".

O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Albino Almeida, defende que "não faz sentido ir buscar e levar [as crianças] só para comer" e que se deve sim promover actividades que mantenham as crianças ocupadas durante o dia nas férias. Por isso, lamenta que o novo Código Contributivo tivesse criado dificuldades às associações de pais na contratação de professores e outros técnicos, exigindo que, para tal, se constituam como "empresas de prestação de serviços".

Já a autarquia do Porto faz um balanço positivo da iniciativa no Natal - cerca de 1700 refeições, comparticipadas pelos pais em função do rendimento, foram servidas a crianças entre os três e os dez anos - e, por isso, vai manter as cantinas abertas na Páscoa. Os irmãos dos alunos das escolas básicas e jardins-de-infância também podem usufruir do serviço, mesmo que não os frequentem.

Nalguns municípios, como Braga, abrir cantinas nas férias é prática "há muitos anos": "A câmara subsidia os almoços no ensino básico, mas são as associações de pais e juntas que decidem abrir ou não nas férias", diz o adjunto do presidente, João Paulo Mesquita.

A directora do Agrupamento de Escolas da Serra das Minas (Sintra), Ivone Calado, diz que as cantinas "vão estar abertas só para crianças que frequentam o ATL". "Há mais de 15 anos que é assim."