Marques Mendes: Portugal está numa "situação mais delicada" do que tem sido dito

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O social-democrata diz que “obviamente” que o problema “não é apenas de hoje” Foto: Pedro Cunha/arquivo

A situação do nosso país é “delicadíssima, do ponto de vista financeiro, económico e social”, por “muitas razões”, mas a principal “é o Estado que temos hoje”, sustentou o antigo líder do grupo parlamentar social-democrata.

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A situação do nosso país é “delicadíssima, do ponto de vista financeiro, económico e social”, por “muitas razões”, mas a principal “é o Estado que temos hoje”, sustentou o antigo líder do grupo parlamentar social-democrata.

Para o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares, “temos problemas seríssimos, quase de constrangimento terrível do ponto de vista financeiro”, com “detalhes que vão acontecendo semana a semana” e que é preferível nem serem conhecidos. “A ignorância é santa” e “às vezes não saber perturba menos”, disse.

“Obviamente” que o problema “não é apenas de hoje”, a situação “tem-se vindo a agravar nestes últimos dez anos”, acrescentou Marques Mendes, considerando que o fenómeno se deve fundamentalmente à “dimensão do Estado" português, que “consome mais de metade da riqueza nacional”.

O país “está fortemente endividado”, mas o “endividamento do Estado vai muito para além do razoável”, de tal modo que “entramos numa situação quase explosiva”, alertou Marques Mendes, que falou numa sessão do ciclo de “Jantares na Quinta às Quintas”, promovido pela Fundação Inês de Castro.

Além do “problema financeiro delicadíssimo, temos o problema económico, que é estrutural” e tem de ser ultrapassado, defendeu o antigo governante e actual administrador executivo da Nutroton Energias. “Depois de uma década de empobrecimento, de divergência” com o crescimento europeu, não podemos “correr o risco” de prolongar esta trajectória, que terá graves reflexos a nível social, assinalou Marques Mendes.

“Costumo dizer que convinha não abusar da sorte”, apesar de “tradicionalmente dizer-se que somos um país de brandos costumes e que aqui nunca há drama, como já houve na Grécia, em França e noutros países”, disse o antigo governante. Mas “também nunca tivemos uma taxa de desemprego com a dimensão de hoje”, alertou. Ou “rapidamente mudamos de vida em muitos domínios, mas sobretudo relativamente à dimensão do Estado que temos”, ou, sublinhou Marques Mendes, “vamos continuar a divergir da Europa, a empobrecer, a degradar as nossas condições de vida”.