Livro Europeu do Ano para Roberto Saviano e Sofi Oksanen

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Roberto Saviano Nelson Garrido

O júri, presidido pelo escritor e realizador alemão Volker Schlöndorff, decidiu premiar dois livros marcados pela violência que se exerce no norte e no sul do continente europeu.

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O júri, presidido pelo escritor e realizador alemão Volker Schlöndorff, decidiu premiar dois livros marcados pela violência que se exerce no norte e no sul do continente europeu.

“Purge” (“Puhdistus”, em finlandês), editado pela Stock e já distinguido com o Prémio Femina Étranger 2010, relata a violência de que foram vítimas as mulheres estónias durante a ocupação soviética.

Filha de mãe estónia e pai finlandês, Sofi Oksanen tem 32 anos e venceu em 2008, ano em que foi publicado o seu romance na Finlândia, os três maiores prémios literários do país, entre os quais o equivalente ao francês Goncourt.

Ninguém ousara até agora abordar desta forma o tema da dor psicológica e física das mulheres num país ocupado.

“Durante muito tempo, tudo isso permaneceu no domínio da tradição oral. Depois de 1991, novas palavras apareceram em estónio, como ocupação, resistência”, explicou recentemente a autora sobre este seu terceiro romance.

Com “A Beleza e o Inferno”, volume que reúne vários ensaios e reportagens, o jornalista italiano Roberto Saviano triunfou sobre as 26 obras propostas pelos outros países da União Europeia, entre as quais as de nomes como Eduardo Lourenço.

Depois da publicação de “Gomorra” (Caderno, 2008), obra sobre a Camorra, máfia napolitana, que o celebrizou mundialmente, Roberto Saviano tornou-se alvo de perseguição dos mafiosos que denunciou, tendo-se visto obrigado a viver na clandestinidade, sempre sob protecção policial, e é sobre isso que reflecte em “A Beleza e o Inferno”.

Mas não só: além de falar do inferno que é a vida em fuga permanente, escreve também sobre a beleza que, apesar de tudo, resiste e da qual não se esquece.

Neste livro, recorda, por exemplo, uma ida às escondidas ao estádio do Barcelona para ver jogar Lionel Messi, a “Pulga”, um dia em que Miriam Makeba foi cantar para ele, Saviano, ou a história de Anna Politkovskaia, ontra jornalista destemida, assassinada por ser essa a única forma de a silenciar.

O Prémio Livro Europeu do Ano é organizado pela União Europeia e tem como objectivo promover os valores europeus e contribuir para uma melhor compreensão dos cidadãos da União Europeia como entidade cultural.