Grinderman 2

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Os Grinderman, ferozes e incendiários, verdadeiramente diabólicos, são uma grande banda rock'n'roll. O som é metálico, sempre metálico: uma massa sonora onde teclados soam como guitarras e guitarras soam a teclados, zumbindo e distorcendo como se o blues fosse matéria arrancada a um esqueleto urbano assombrado e não a encontros infernais em encruzilhada rural (todo o mérito para Warren Ellis, Martyn Casey e Jim Sclavunos). E, depois, Nick Cave. Que, obviamente, encaixa na perfeição neste universo de violento psicadelismo, de Black Sabbath armados com martelos pneumáticos ("When my baby comes", que começa como rodopio encantatório, há-de terminar assim), de secção rítmica em "stomp" violento ("Mickey Mouse and the goodbye man", a primeira canção, dá o tom que contaminará o álbum). Cave é, como sempre, o pregador sem vestígios de santidade, o homem que mergulha de cabeça e num ímpeto na escuridão da alma humana (não sem humor, que faz parte da equação). Ao longo de nove canções, visões de monstros mitológicos e mitologias inteiras digladiam-se enquanto Oprah Winfrey espreita do plasma na sala e amantes se entregam a paixões monstruosas, fazendo promessas a condizer com o estado: "I give to you the spinal cord of JFK, wrapped in Marylin Monroe's negligee", canta Cave em "Palaces of Montezuma", balada gospel danificada que os Grinderman poderiam ter oferecido aos Stones que foram para Los Angeles completar o épico "Exile On Main St". Há como que um gesto intuitivo a guiar estes Grinderman e é isso que os torna tão interessantes. Músicos sem rede. No final da década de 1960, os 13th Floor Elevators cantavam "you gotta open up your mind and let everything come through". Os Grinderman fizeram precisamente isso. E são magnificamente diabólicas e desafiantes as visões com que se depararam. Rock'n'roll sem filtros. Um grande disco.

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Os Grinderman, ferozes e incendiários, verdadeiramente diabólicos, são uma grande banda rock'n'roll. O som é metálico, sempre metálico: uma massa sonora onde teclados soam como guitarras e guitarras soam a teclados, zumbindo e distorcendo como se o blues fosse matéria arrancada a um esqueleto urbano assombrado e não a encontros infernais em encruzilhada rural (todo o mérito para Warren Ellis, Martyn Casey e Jim Sclavunos). E, depois, Nick Cave. Que, obviamente, encaixa na perfeição neste universo de violento psicadelismo, de Black Sabbath armados com martelos pneumáticos ("When my baby comes", que começa como rodopio encantatório, há-de terminar assim), de secção rítmica em "stomp" violento ("Mickey Mouse and the goodbye man", a primeira canção, dá o tom que contaminará o álbum). Cave é, como sempre, o pregador sem vestígios de santidade, o homem que mergulha de cabeça e num ímpeto na escuridão da alma humana (não sem humor, que faz parte da equação). Ao longo de nove canções, visões de monstros mitológicos e mitologias inteiras digladiam-se enquanto Oprah Winfrey espreita do plasma na sala e amantes se entregam a paixões monstruosas, fazendo promessas a condizer com o estado: "I give to you the spinal cord of JFK, wrapped in Marylin Monroe's negligee", canta Cave em "Palaces of Montezuma", balada gospel danificada que os Grinderman poderiam ter oferecido aos Stones que foram para Los Angeles completar o épico "Exile On Main St". Há como que um gesto intuitivo a guiar estes Grinderman e é isso que os torna tão interessantes. Músicos sem rede. No final da década de 1960, os 13th Floor Elevators cantavam "you gotta open up your mind and let everything come through". Os Grinderman fizeram precisamente isso. E são magnificamente diabólicas e desafiantes as visões com que se depararam. Rock'n'roll sem filtros. Um grande disco.