Merkel diz que a sociedade multicultural falhou na Alemanha

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Merkel defendeu a importância de aprender alemão para melhor integração Tobias Schwarz/Reuters

Num discurso feito perante a juventude partidária dos cristãos-democratas (CDU), Merkel defendeu veementemente na noite de ontem que o conceito de “multikulti” e a vivência harmoniosa “lado a lado” com pessoas oriundas de contextos culturais diferentes não está a funcionar no país, que possui uma vasta comunidade de quase quatro milhões de muçulmanos. E instou os imigrantes a “fazerem mais” para se integrarem na sociedade alemã.

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Num discurso feito perante a juventude partidária dos cristãos-democratas (CDU), Merkel defendeu veementemente na noite de ontem que o conceito de “multikulti” e a vivência harmoniosa “lado a lado” com pessoas oriundas de contextos culturais diferentes não está a funcionar no país, que possui uma vasta comunidade de quase quatro milhões de muçulmanos. E instou os imigrantes a “fazerem mais” para se integrarem na sociedade alemã.

Para a chanceler pouco foi “pedido” aos imigrantes no passado para que se verificasse essa maior integração, reiterando a ideia de que os imigrantes devem aprender alemão de maneira a terem melhores oportunidades de escolaridade e no mercado de trabalho.

O debate sobre a imigração na Alemanha tem estado ao rubro desde que, em Junho, o antigo director do Bundesbank e ex-deputado do Partido Social Democrata Thilo Sarrazin publicou um livro em que acusa os muçulmanos de “baixarem a inteligência” colectiva da sociedade alemã.

Sarrazin foi publicamente criticada pelas mais diferentes facções políticas no país e até afastado das suas funções no banco central, mas a popularidade do livro – mais de 650 mil cópias vendidas – dá conta de como as suas opiniões estão a ser ouvidas.

A sociedade alemã parece estar numa tendência crescente acentuada de xenofobia e anti-islamismo. Um estudo publicado quarta-feira, pela Fundação Friedrich Ebert (com ligações ao Partido Social Democrata, na oposição) revelou que um terço dos alemães defende a repatriação dos imigrantes e mais de metade – 58,4 por cento – manifesta-se favorável a restrições à prática do islão. Uma larga fatia de 55,4 por cento dos inquiridos neste estudo, realizado em Abril passado, disse “compreender que os árabes sejam vistos por algumas pessoas como sendo desagradáveis”.

Merkel tem vindo a tentar não hostilizar nenhum dos lados deste debate, argumentando fortemente a favor da mais profunda integração dos imigrantes na forma de vivência alemã, mas ao mesmo tempo instando os alemães a aceitarem que as mesquitas se tornaram parte da sua paisagem social e cultural.

Dentro da CDU a chanceler enfrenta cada vez maiores pressões para adoptar uma linha política mais dura na imigração, sobretudo nas franjas que não revelam predisposição a se adaptarem à sociedade alemã. E as declarações por ela feitas sábado à noite estão a ser vistas como uma tentativa de apaziguar aqueles que lhe criticam inaptidão para lidar com mão mais forte com os problemas da imigração no país.