Cinco maiores da distribuição dominam metade do mercado

Foto
Formato de hipermercado é dominado pelo Continente Enric Vives-Rubio/ arquivo

Apesar da concentração, uma análise do Barclays Capital (BarCap), ontem divulgada, refere que ainda há espaço para novos operadores.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Apesar da concentração, uma análise do Barclays Capital (BarCap), ontem divulgada, refere que ainda há espaço para novos operadores.

Sonae, Jerónimo Martins, grupo Os Mosqueteiros, Auchan e Schwarz Group (Lidl) lideram num sector onde ainda resistem muitos pequenos comerciantes. De acordo com o relatório, Portugal tem a maior proporção de pequenos retalhistas da Europa (80 por cento do comércio alimentar pertence a esta categoria), mas o seu peso no total das vendas é de apenas seis por cento.

No documento que dedica 14 páginas ao caso português é dito que o formato de hipermercado está a chegar a um ponto de saturação, dominado pelo Continente, insígnia da Sonae, já com 44 por cento de quota nas vendas.

A reconversão dos hipers Feira Nova, da Jerónimo Martins, em supermercados Pingo Doce impulsionou este segmento: entre 2004 e 2009 as vendas aumentaram 61,5 por cento, comparável com um crescimento de 14,6 por cento de facturação dos hipermercados.

A política de preços baixos, o aumento da oferta das marcas próprias e campanhas de publicidade agressivas e permanentes permitiram aos supermercados disputar clientes com as cadeias de discount Lidl ou Minipreço. Juntos, Jerónimo Martins, grupo Os Mosqueteiros (Intermarché) e Sonae (Modelo) concentram 64 por cento da quota neste segmento.

Para os analistas, foram também este factores que contribuíram para a queda do Minipreço do grupo Dia, multinacional espanhola integrada desde 2000 no francês Carrefour. O ano passado a facturação desceu 0,9 por cento.

A venda do Minipreço noticiada em Abril pela imprensa francesa, e a consequente saída do Carrefour do país (em 2007 a cadeia francesa vendeu a sua unidade de hipermercados à Sonae Distribuição), pode reforçar a concentração no sector mas para o BarCap "não há um interessado óbvio nas 524 lojas".

A tendência de concentração prevista pelo analistas é justificada pela média europeia. Apesar de existirem 140 mil portugueses para cada hipermercado e 3300 para cada supermercado, o relatório garante que há muito espaço para crescer. "Em teoria, para Portugal atingir a média europeia, a distribuição alimentar teria de abrir mais 117 hipermercados e 1875 supermercados e lojas de discount", lê-se.

Sobre o decreto-lei que permite a abertura aos domingos à tarde e feriados dos hipermercados o BarCap diz que os mais beneficiados serão o Continente e o Jumbo (Auchan). "Esperamos que a nova lei venha aumentar as vendas em cinco por cento em 2011, à custa das lojas de menor dimensão mais próximas", sobretudo de conveniência.