Colóquio sobre a história da Psiquiatria em Portugal pretende combater desconhecimento

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“Luzes e Sombras do Alienismo em Portugal” é o tema do encontro que decorre no Porto David Clifford (arquivo)

“Luzes e Sombras do Alienismo em Portugal” é o tema do primeiro Colóquio de História da Psiquiatria que hoje se realiza no Centro Hospitalar Conde Ferreira. O presidente da comissão do colóquio, Adrián Gramary, explicou que “o alienismo é a fase histórica inicial da Psiquiatria em Portugal, quando foram criados os dois primeiros hospitais psiquiátricos no país”, o Conde Ferreira, no Porto, e o Miguel Bombarda, em Lisboa.

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“Luzes e Sombras do Alienismo em Portugal” é o tema do primeiro Colóquio de História da Psiquiatria que hoje se realiza no Centro Hospitalar Conde Ferreira. O presidente da comissão do colóquio, Adrián Gramary, explicou que “o alienismo é a fase histórica inicial da Psiquiatria em Portugal, quando foram criados os dois primeiros hospitais psiquiátricos no país”, o Conde Ferreira, no Porto, e o Miguel Bombarda, em Lisboa.

“O objectivo é trazer as pessoas especializadas nesta área para perceber melhor quais foram os modelos de organização dos hospitais nesta fase histórica porque achamos que de facto é importante perceber melhor este período que, de certa maneira, teve na época uma má imprensa também”, disse o também director-clínico do Centro Hospitalar Conde de Ferreira.

Para Adrián Gramary, o alienismo – que em Portugal remonta às décadas de 70 e 80 do século XIX – foi um período que apesar das sombras, teve “muitas luzes”, recordando que “as propostas que fizeram os primeiros alienistas, António Maria de Sena e Miguel Bombarda, permitiram, na altura, uma assistência mais racional e humanitária dos doentes mentais” portugueses. “Até à abertura dos primeiros hospitais psiquiátricos não havia médicos especializados na doença mental e portanto os doentes, no caso do Porto, estavam nos porões do Hospital Santo António, com poucas condições humanitárias e até de higiene”, contou.

Segundo Gramary “há um grande desconhecimento sobre esta fase tão importante para a Psiquiatria”, acrescentando que outro dos objectivos que esteve na base da sua organização prendeu-se com o facto “os próprios internos da especialidade poderem conhecer melhor a história e os precedentes da Psiquiatria em Portugal”.

Questionado se actualmente há mais luzes do que sombras em Portugal, Gramary considerou que “ainda há muito para fazer”, garantindo, no entanto, que “tem havido muitos esforços mas que há poucos meios e recursos humanos, para além da falta de recursos financeiros”.

O director-clínico do Conde Ferreira considera, por seu turno, que “continua a haver poucas vagas para o acesso à especialidade”, realçando que esta “continua a ser uma área para a qual é preciso ter muita vocação, que continua a ser vista como um pouco marginal” na medicina. “Não é, com certeza, a primeira escolha da maioria dos médicos que acabam o internato geral”, confessou.

No evento estarão também presente a psicóloga e escritora Joana Amaral Dias que falará sobre Ângelo Lima, membro do grupo Orfeu, internado por esquizofrenia no Hospital Conde Ferreira, e Manuela Gonzaga, licenciada em história, que contará o caso de Maria Adelaide Cunha, filha do diretor e fundador do jornal “Diário de Notícias” internada no Hospital Conde de Ferreira com o diagnóstico de “loucura lúcida”.