Biólogos querem saber por que só restam 25 por cento dos cavalos-marinhos da Ria Formosa

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A educação ambiental junto de escolas e pescadores poderia ajudar a proteger os cavalos-marinhos Pedro Cunha (arquivo)

As hipóteses em cima da mesa no projecto “Seahorse” vão desde variações naturais na dimensão das populações à destruição do habitat destes animais, nomeadamente através da extracção de areias ou da circulação descontrolada de barcos.

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As hipóteses em cima da mesa no projecto “Seahorse” vão desde variações naturais na dimensão das populações à destruição do habitat destes animais, nomeadamente através da extracção de areias ou da circulação descontrolada de barcos.

Para seguir de perto o movimento dos cavalos-marinhos ( Hippocampus guttulatus), Iain Caldwell - da Universidade da Colúmbia Britânica, Canadá, e que faz pesquisa ao Algarve desde o ano 2000 ao abrigo do “Seahorse” - marcou onze animais adultos com um pequeno transmissor acústico do tamanho de um feijão e com meio grama de peso, colocado como se fosse um colar. Depois de colocar o equipamento, a equipa conduziu os animais para outra zona, localizando-os depois através de sinais acústicos para perceber se tinham ou não feito movimentações e que habitat preferiam.

A equipa de investigadores - da qual faz também parte o biólogo Miguel Correia, que está a preparar uma tese de doutoramento sobre o tema - fez mergulhos em 32 locais de amostragem, entre Olhão e a ponte do Ancão, junto à Praia de Faro.

Desses 32 locais, que já haviam sido estudados há dez anos, apenas encontraram cavalos-marinhos em nove. Contudo, apesar do decréscimo da população, a equipa registou uma maior densidade de juvenis, o que pode significar que a comunidade cresça nos próximos anos.

A maior parte dos cavalos-marinhos foram encontrados agarrados a conchas ou a ouriços-do-mar já que, sendo muito sedentários, estes animais costumam agarrar-se a algo para não serem arrastados pela corrente.

Os cavalos-marinhos são peixes que têm um tempo médio de vida de três a cinco anos e a capacidade de se camuflarem para enganar os predadores, podendo atingir os 16 centímetros de altura na idade adulta.

O maior mistério do ciclo de vida destes animais é, de acordo com os investigadores, o período compreendido entre a sua libertação da bolsa do macho - a fêmea deposita os ovos, mas o macho é que gera os bebés -, e quando já são juvenis mais avançados.

A educação ambiental junto de escolas e pescadores e um ordenamento mais controlado da Ria Formosa são factores considerados fundamentais pelos investigadores para contribuir para uma maior conservação do habitat dos cavalos-marinhos. Além disso, Iain Caldwell garante que estão a ser estudadas medidas para minimizar o impacte das actividades humanas na ria.

Este trabalho de investigação é apoiado pelo Centro de Mergulho Hidroespaço e pelo Oceanário de Lisboa.