Espanha admite dificuldades no mercado interbancário

Estas dificuldades de financiamento foram admitidas por Carlos Ocaña, secretário de Estado do Tesouro espanhol, durante uma conferência de empresários em Santander. A situação constitui "claramente um problema", afirmou.

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Estas dificuldades de financiamento foram admitidas por Carlos Ocaña, secretário de Estado do Tesouro espanhol, durante uma conferência de empresários em Santander. A situação constitui "claramente um problema", afirmou.

Apesar disso, Ocaña juntou a sua voz ao coro de desmentidos dos rumores veiculados desde sexta-feira pela imprensa alemã sobre a eventualidade de Madrid estar a negociar a activação do fundo de estabilização do euro criado em Maio pelos países da União Europeia (UE) em conjunto com o FMI, no valor de 750 mil milhões de euros. "A Espanha não precisa de financiamento adicional de nenhuma instituição internacional", afirmou o governante. "O rumor é falso e eu desminto-o", insistiu, citado pela Reuters.

De acordo com o Frankfurter Allgemeine Zeitung de ontem, Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia e Jean Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE), estarão a defender a necessidade de uma ajuda a Madrid por estarem "preocupados com as dificuldades dos bancos espanhóis".

Na quinta-feira passada, Trichet admitiu que o mercado interbancário (os empréstimos entre bancos) "não está a funcionar normalmente".

"A Comissão Europeia não tem qualquer intenção de preparar um plano específico para a Espanha", reagiu ontem Durão Barroso. Essa eventualidade "não é sequer uma hipótese de trabalho", acrescentou Jean-Claude Juncker, primeiro ministro do Luxemburgo e presidente do eurogrupo dos Dezasseis países membros da moeda única europeia. Em Berlim, um porta-voz do Ministério das finanças afirmou igualmente que "as condições [de acesso ao fundo] estão definidas e neste momento, estas condições não estão manifestamente reunidas" no caso da Espanha.

Falar a uma só voz



À noite, Angela Merkel, chanceler alemã frisou que "a Espanha e qualquer outro país do euro, sabem que podem recorrer a este mecanismo se necessário". "Se houver problemas (...) o mecanismo poderá ser activado a qualquer momento", insistiu. A afirmação foi feita no final de um encontro em Berlim com Nicolas Sarkozy, presidente francês, para harmonização de posições sobre a reforma das regras de disciplina orçamental da zona euro que vai dominar a cimeira de lideres da UE de quinta-feira, em Bruxelas.

Os dois líderes procuraram ultrapassar várias semanas de desentendimentos mal dissimulados ao afirmar que estão "mais do que nunca" dispostos "a falar a uma só voz", segundo a expressão de Sarkozy.

Como tem sido o caso nos últimos meses, o presidente francês assumiu a quase totalidade das posições da chanceler, ao defender que a "governação" da zona euro será feita pela totalidade dos Vinte e Sete países da UE e não apenas pelo eurogrupo, e que os países indisciplinados deverão ser severamente sancionados, incluindo por via da suspensão dos seus direitos de voto nas reuniões do Conselho de Ministros da UE.