Mourinho: “Até tenho vergonha de ganhar o que ganho com esta crise”

Foto
José Mourinho afastou a questão monetária como um factor que o levaria a deixar o Inter Foto: Alessandro Garofalo/Reuters

Antes de sair de Milão rumo a Madrid, José Mourinho deu uma conferência de imprensa. E não falou apenas da final da Liga dos Campões no próximo sábado frente ao Bayern Munique. Falou, claro, do seu futuro. Que diz passar cada vez menos por Itália.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Antes de sair de Milão rumo a Madrid, José Mourinho deu uma conferência de imprensa. E não falou apenas da final da Liga dos Campões no próximo sábado frente ao Bayern Munique. Falou, claro, do seu futuro. Que diz passar cada vez menos por Itália.

“Não sou o treinador do Real, mas é um problema de satisfação pessoal e de me sentir respeitado ou não”, afirmou José Mourinho, que afastou a questão monetária como um factor que o levaria a mudar de ares. “Não é uma questão de contrato ou de dinheiro. Eu até sinto um pouco de vergonha por ganhar o que ganho com esta crise”, disse, contundente. “É uma questão de satisfação pessoal, de me sentir respeitado num país que gosta de futebol e que tive tantos problemas”, afirmou, citado pela "Gazzetta dello Sport".

Mourinho acrescentou que não tomou ainda nenhuma decisão acerca do seu futuro e tranquilizou os fãs presentes no centro de estágio da Pinetina. Um adepto conseguiu fazer-se ouvir junto da equipa e gritou: “Mou, não nos deixes”. Mourinho respondeu com um aceno de mão, mas depois mais tarde na conferência foi cáustico.

Não vou mudar o que disse no outro dia...

“Não vou mudar o que disse no outro dia. Não é verdade que seja treinador do Real. No final [da época] vou estar dois ou três dias a pensar com calma sobre o meu futuro. Claro que o Inter não pode fazer nada mais por mim, para eu ser feliz e sentir-me importante. Os jogadores são fantásticos, há empatia com os adeptos e todos no clube são fantásticos”.

“O resultado conta zero no sábado, não vai mudar a minha consciência de ter feito tudo o possível. O Inter não me deve nada e eu não devo nada ao Inter, porque eu dei tudo. Estou tranquilo, o resultado não afectará a decisão que vou tomar acerca do meu futuro”, adiantou o técnico.

Quando lhe perguntaram pelo seu sucessor no Inter, Mourinho remeteu a questão para a direcção. “O meu sucessor? O clube escolheu-me e escolheu bem. Quando o voltar a fazer, vai fazer Neste momento eu sou treinador do Inter. Tenho contrato até 2012 ou 2013, não me recordo bem...”, desabafou. “A dimensão humana dos jogadores ajuda muito a construir a força de um treinador. Quem joga nesta equipa tornou-me um treinador muito bom e fará o mesmo a qualquer outro treinador”.

“Van Gaal não corre a festejar porque é lento. Eu sou rápido”

Mourinho respondeu ainda com bonomia às declarações de Van Gaal, que criticou a exuberância dos festejos do português em Camp Nou depois do final do jogo em que eliminou o Barcelona. “Quando Iniesta marcou contra o Chelsea no ano passado o Guardiola correu como um louco. Eu não posso porquê?”, questionou.

“Van Gaal disse que não teria comemorado como eu? Não o pode fazer porque ele é lento. Eu corro rápido. Eu fui comemorar com os meus adeptos e não para provocar”, justificou-se, elogiando ainda os tempos que trabalhou com o holandês.

“É uma pessoa fantástica. Comigo foi sempre muito honesto. Tivemos um relacionamento de três anos de trabalho e eu só posso falar bem. Ele tem sua vida e eu a minha, às vezes trocamos algumas SMS [mensagens escritas] ou uns telefonemas. Trabalhei com ele de 1997 a 2000, mas não posso dizer que conheço a sua maneira de treinar agora. Desde essa altura já aconteceu muita coisa e passou muito tempo – hoje é um treinador diferente. Eu só sei como adjunto, não como um treinador e, desde então, eu tive um longo caminho e as pessoas mudam. É alguém que trabalha duro e os seus colaboradores também trabalham bem.”

Notícia actualizada às 17h09