Luís Amado defende que cooperação deve estar no centro da acção dos Estados

Luís Amado recordou discussões de há uma década, quando foi secretário de Estado para a Cooperação, condicionadas pela oposição entre comércio e ajuda, "trade not aid", e defendeu que o caminho certo é "trade and aid e não trade not aid": "conciliar abertura dos mercados com ajuda ao desenvolvimento".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Luís Amado recordou discussões de há uma década, quando foi secretário de Estado para a Cooperação, condicionadas pela oposição entre comércio e ajuda, "trade not aid", e defendeu que o caminho certo é "trade and aid e não trade not aid": "conciliar abertura dos mercados com ajuda ao desenvolvimento".

"A matriz de crescimento económico está em crise e tem de ser adaptada às novas condicionantes que nos são apresentadas por esta crise", disse Luís Amado, que apontou também "os limites da acção do Estado, a única instituição a que os povos se podem agarrar", mas que não pode por si só resolver parte dos problemas.

Para o ministro, o momento é de "reflexão séria sobre o paradigma de desenvolvimento que adoptámos à escala global", mas - por "oposição à confrontação e ao conflito" - "a cooperação internacional num quadro multilateral é essencial para que o mundo encontre [uma] estabilidade que generalize os modelos de bem-estar".

Marcada pela ausência de alguns dos participantes anunciados, devido aos condicionamentos no transporte aéreo provocados pela nuvem de cinza vulcânica, a terceira edição da iniciativa Os Dias do Desenvolvimento, em que participam cerca de uma centena de organizações e que levou à montagem de dezenas de stands no centro de congressos da cidade, permite aos visitantes contactarem com experiências concretas de cooperação. Exemplos: do sonho concretizado de construir uma fábrica de móveis em Timor-Leste, nascido na cabeça do presidente da Câmara Municipal de Paredes, ao projecto do Instituto Politécnico de Leiria de dar forma a uma TV Comunitária e Redes Sociais baseadas na Internet, na Guiné-Bissau.

A iniciativa arrancou com a discussão do tema Energia e Desenvolvimento. João Gomes Cravinho, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, recordou que "um terço da população mundial não tem acesso a electricidade" e outro terço só a tem "algumas horas por dia". Depois de lamentar a falta de resultados na conferência de Copenhaga sobre alterações climáticas, em Dezembro, recordou o compromisso do Governo português de contribuir com 36 milhões de euros entre 2010 e 2012 para projectos de cooperação que ajudem países parceiros a reforçar a cobertura eléctrica e a reduzirem a sua factura energética, como já está a ser feito com Moçambique. "Não podemos esperar por um acordo global, devemos avançar com os instrumentos que temos", disse, referindo-se ao incentivo às energias renováveis como uma das novas áreas de cooperação.

O mesmo raciocínio foi desenvolvido pelo secretário de Estado da Energia, Carlos Zorrinho: "Com as energias renováveis podemos levar as fontes de energia junto das populações." "Há riscos de outros vulcões se estarem a formar, vulcões sociais decorrentes de muitas assimetrias existentes", alertou.

O primeiro dia da iniciativa incluiu debates sobre Governação, Segurança e Desenvolvimento e sobre a relação entre Media, Cidadania e Desenvolvimento.