Hermínio Loureiro é a última vítima do túnel da Luz

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Hermínio Loureiro sai indignado com decisão do Conselho de Justiça Adriano Miranda (arquivo)

"Sem prejuízo de considerar que a justiça desportiva está a funcionar nos órgãos próprios, entendo que o facto de o CJ da FPF ter dado, em parte, provimento aos recursos dos jogadores Hulk e Sapunaru tem implicações que ultrapassam a justiça desportiva", explicou Hermínio Loureiro, em declarações à agência Lusa. Com esta renúncia, segundo o PÚBLICO apurou, o ex-responsável da LPFP pretendeu demonstrar a sua total indignação com o acordão do CJ, o qual terá considerado "político" e lesivo para o futebol. Apoiante da candidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, Loureiro passou o dia de ontem em acções de campanha na Mealhada e em Vagos, onde terá tomado solitariamente a decisão de abandonar a Liga.

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"Sem prejuízo de considerar que a justiça desportiva está a funcionar nos órgãos próprios, entendo que o facto de o CJ da FPF ter dado, em parte, provimento aos recursos dos jogadores Hulk e Sapunaru tem implicações que ultrapassam a justiça desportiva", explicou Hermínio Loureiro, em declarações à agência Lusa. Com esta renúncia, segundo o PÚBLICO apurou, o ex-responsável da LPFP pretendeu demonstrar a sua total indignação com o acordão do CJ, o qual terá considerado "político" e lesivo para o futebol. Apoiante da candidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, Loureiro passou o dia de ontem em acções de campanha na Mealhada e em Vagos, onde terá tomado solitariamente a decisão de abandonar a Liga.

FC Porto queria mais

A saída do presidente não implicará eleições intercalares no organismo do futebol profissional, até porque o mandato dos actuais órgãos sociais terminaria no final da presente temporada, dentro de pouco mais de um mês. A gestão corrente da LPFP ficará a cargo da actual directora-geral, Andreia Couto, e de um membro da comissão executiva, mantendo-se igualmente em funções o presidente da CD, Ricardo Costa, e o presidente da comissão de arbitragem, Vítor Pereira, a pedido de Hermínio Loureiro, que pretende manter o "normal" funcionamento das competições profissionais.


Uma demissão que a SAD (Sociedade Anónima Desportiva) do FC Porto, considerou, ontem, insuficiente, já que exigia a "demissão de todos os órgãos da Liga", na sequência da decisão do CJ, que alterou as penas aplicadas a Hulk e Sapunaru (na sequência dos incidentes no túnel do Estádio da Luz, após o Benfica-FC Porto, de 20 de Dezembro de 2009), de quatro e seis meses de suspensão, para três e quatro jogos, respectivamente.

Ainda mais cáustica foi a reacção do director-geral da SAD portista, Antero Henrique, que considerou "tardia" a renúncia de Hermínio Loureiro. "Será que se demitiu depois de ter cumprido a missão?", questionou, ironicamente, o dirigente. Na opinião da SAD do FC Porto, o CJ desmontou "mais uma habilidade despudorada perpetrada pela CD da LPFP e exibida em praça pública por uma lamentável sede de protagonismo".

Benfica defende-se

Também muito crítico foi Rui Alves. O presidente do Nacional, e candidato à liderança da Liga, disse ao PÚBLICO que a saída de Hermínio Loureiro "peca por tardia": "Devia ter acontecido quando tomou posse como presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis. Perca por tardia também porque tem a ver com a decisão do CJ, mas ele já devia saber há muito tempo que Ricardo Costa é uma pessoa que não tem senso para presidir a um órgão de justiça desportiva. Não foi só esta decisão, foram muitas ao longo destes quatro anos, que envergonham o futebol português."


Rui Alves defendeu a convocação imediata de uma assembleia geral extraordinária da Liga, para os clubes decidirem "como será feita a gestão" nos próximos tempos. "Estes dois meses parecem pouco, mas a Liga não pode estar à deriva", acrescentou o presidente do Nacional, para quem a "desistência" de Hermínio Loureiro "põe a nu a desadequação dos estatutos da Liga não só ao novo quadro jurídico, mas também à realidade do futebol profissional". Por isso, o líder do Nacional deseja que a próxima AG sirva também para apresentar propostas de alterações de estatutos, já que o novo regime jurídico obriga à passagem das comissões disciplinar e de arbitragem para a FPF.

O PÚBLICO também contactou Fernando Gomes e José Couceiro, pré-candidatos à presidência da Liga, mas ambos recusaram fazer qualquer comentário.

Já o Benfica saiu em defesa de Hermínio Loureiro, elogiando o "trabalho de credibilização do futebol português, que merece o reconhecimento de todos aqueles que durante anos sentiram a falta de transparência, independência e isenção destes mesmos órgãos". O clube da Luz lamentou a decisão do presidente da Liga, mas disse que compreende a "frustração que este deve sentir em função dos obstáculos" que enfrentou.