Mais de 40 cidadãos mortos na última década pelas forças policiais

A maioria dos casos (21) foi da responsabilidade de agentes da PSP, um corpo que integra 20 mil polícias responsáveis pela segurança nas zonas urbanas, onde se concentra a criminalidade mais complexa. A GNR, uma força militarizada com 25 mil agentes, que intervém nas zonas rurais, contabiliza 18 mortes no mesmo período. Contudo, sente-se uma tendência inversa nas duas forças. Isso mesmo mostram os números dos últimos cinco anos. Se a PSP registou desde 2005 apenas oito dos 21 casos fatais, já a GNR contabilizou 13 dos 18.

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A maioria dos casos (21) foi da responsabilidade de agentes da PSP, um corpo que integra 20 mil polícias responsáveis pela segurança nas zonas urbanas, onde se concentra a criminalidade mais complexa. A GNR, uma força militarizada com 25 mil agentes, que intervém nas zonas rurais, contabiliza 18 mortes no mesmo período. Contudo, sente-se uma tendência inversa nas duas forças. Isso mesmo mostram os números dos últimos cinco anos. Se a PSP registou desde 2005 apenas oito dos 21 casos fatais, já a GNR contabilizou 13 dos 18.

O pior ano desde o início da década foi 2003, que apresenta seis casos de cidadãos mortos em acções das polícias, três da PSP e três da GNR. Estes casos dão normalmente origem à abertura de um processo por parte da IGAI, que verifica se o uso da força foi adequado. Como muitos destes processos se prolongam ao longo de anos é difícil acompanhá-los. Quanto aos cinco processos abertos no ano passado (na sequência de cinco mortes), a IGAI informa que três já foram arquivados, estando dois pendentes.

Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), reforça a necessidade de formação dos agentes. "Os polícias têm que tomar decisões em segundos e só conseguirão fazê-lo bem, se, além de terem o perfil adequado à profissão, apreenderem bem a formação base e continuarem a ter formação ao longo da vida", insiste o sindicalista. "Um ano lectivo é pouco para aprender tudo o que é necessário. Um polícia não pode aprender com os erros, porque esses erros muitas vezes são fatais", sublinha.

Os muitos casos de mortes que se têm repetido nos últimos anos levaram o Bloco de Esquerda a questionar ontem o Ministério da Administração Interna sobre as intervenções policiais "sem a devida observância da proporcionalidade no uso da força". A deputada Helena Pinto quer saber quais as medidas previstas a "implementar junto das forças de segurança para que não se venha a repetir comportamentos" como o que vitimou Nuno Rodrigues.

PSP absolvido

Em 3 de Outubro de 2006, uma brigada da GNR que fazia uma fiscalização na Maia vê alguns indivíduos sem cinto de segurança, num Peugeot 106. Manda o condutor encostar, mas ele foge. Começa a perseguição, que dura mais de 10 km até que um GNR de Matosinhos saca da metralhadora e dispara. No fim, Vítor Cruz, 21 anos, que ia no banco traseiro, estava morto e Bruno Costa ferido. O militar é acusado de um crime de homicídio consumado e outro tentado, mas acaba absolvido. O Ministério Público recorreu.