Um terço dos portugueses tem Síndroma Metabólica que duplica risco de doenças cardiovasculares

:O estudo, que será divulgado hoje no XI Congresso Português de Endocrinologia, envolveu 2355 mulheres e 1740 homens com mais de 18 anos, representando 35 centros de saúde dos 18 distritos de Portugal Continental.

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:O estudo, que será divulgado hoje no XI Congresso Português de Endocrinologia, envolveu 2355 mulheres e 1740 homens com mais de 18 anos, representando 35 centros de saúde dos 18 distritos de Portugal Continental.

O coordenador do estudo, Luís Raposo, da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, explicou à agência Lusa que existem várias definições da Síndroma Metabólica (SM) e a sua prevalência pode variar de acordo com a definição utilizada.

Neste estudo, foram valorizados cinco parâmetros: o perímetro da cintura, a pressão arterial (sistólica e diastólica) e os valores sanguíneos em jejum da glicose, triglicerídeos e HDL (colesterol bom).

A Síndroma Metabólica (SM) “é uma entidade clínica que confere um risco aumentado de diabetes [cinco vezes] e doença cardiovascular [duas vezes] e define-se pela presença de, pelo menos, três de cinco factores de risco vascular que são pré-definidos”, explicou o endocrinologista.

O estudo revelou que 32,7 por cento da população estudada apresentou SM, sendo mais prevalente nas mulheres (27,3 por cento) do que nos homens (24,9 por cento).

Esta prevalência é elevada quando comparada com alguns países da Europa (por exemplo França), aproximando-se, porém, da prevalência encontrada em outros países do sul da Europa (algumas regiões de Espanha, Itália e Grécia).

Em relação aos Estados Unidos, a prevalência da SM é ligeiramente superior, um dado “preocupante”, uma vez que é um país com elevada taxa de obesidade, comentou Luís Raposo.

O estudo verificou também uma “elevada prevalência” de obesidade central, por critérios do perímetro da cintura: 42,4 por cento.

“Curiosamente aqui encontramos grandes diferenças entre homens (25,9 por cento) e mulheres (54,7 por cento)”, observou o médico, adiantando que é nestes dados que podem estar a resposta para a prevalência da SM ser maior nas mulheres.

Relativamente ao HDL baixo, foi registada uma elevada prevalência nos homens e mulheres, sempre superior a 40 por cento.

Outro dado preocupante relaciona-se com a prevalência da hipertensão arterial: 52 por cento, dos quais apenas 24,7 por cento estão controlados.

De acordo com o estudo a prevalência de diabetes mellitus é muita elevada: 11,7 por cento.

Luís Raposo salientou que há factores que potenciam o aparecimento da síndroma metabólica, como o sedentarismo, diminuição da actividade física, o excesso ponderal e também a dieta pouco saudável.

“Temos um quadro negro”, mas há uma forma de o ultrapassar isso, alterando o estilo de vida, sublinhou, considerando que o estudo pode ajudar “a criar estratégias para prevenir, mas também para tentar encontrar os indivíduos em risco, que não sabem que têm a síndroma metabólica”.

O Estudo da Prevalência da Síndrome Metabólica em Portugal Continental, que decorreu entre 2007 e 2009, é resultado da parceria entre o Grupo de Estudo da Insulino-Resistência, da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, e o Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina do Porto.