Peru: Supremo Tribunal confirma sentença de 25 anos de prisão para Alberto Fujimori

Foto
Alberto Fujimori durante o seu julgamento Enrique Castro-Mendivil (Reuters)

Fujimori, com 71 anos, fugira para o Japão quando o seu regime de mão de ferro foi derrubado, em 2000, mas voltou ao Peru sete anos mais tarde para ser julgado pelo que a acusação definira como o seu papel de “instigador e mandante” dos raptos e massacres de civis em 1991 e 1992 por “esquadrões da morte” na vaga de repressão do Estado contra as guerrilhas de extrema-esquerda no país, incluindo o Sendero Luminoso.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Fujimori, com 71 anos, fugira para o Japão quando o seu regime de mão de ferro foi derrubado, em 2000, mas voltou ao Peru sete anos mais tarde para ser julgado pelo que a acusação definira como o seu papel de “instigador e mandante” dos raptos e massacres de civis em 1991 e 1992 por “esquadrões da morte” na vaga de repressão do Estado contra as guerrilhas de extrema-esquerda no país, incluindo o Sendero Luminoso.

O julgamento, que durou 16 meses, foi o primeiro em que um chefe de Estado da América Latina eleito democraticamente foi condenado por violações dos direitos humanos no seu próprio país.

Segundo os autos, 15 pessoas, incluindo mulheres e uma criança, foram mortas por um comando de encapuzados que abriu fogo numa festa privada em Barrio Altos, na capital, em 1991 – ter-se-á tratado, aparentemente, de um erro de alvo. Num outro caso que foi a julgamento neste processo, nove estudantes e um professor de esquerda da Universidade de La Cantuta, também em Lima, foram raptados e executados em 1992.

Fujimori, que negou sempre as acusações, foi agora condenado por ter dado ordem de morte de 25 pessoas mas encontra-se já a cumprir outras três penas de prisão, entre os seis e nove anos. Em Setembro passado fora já dado como culpado por conduzir escutas ilegais e subornar jornalistas, empresários e políticos da oposição; dois meses antes por ter desviado 15 milhões de dólares dos fundos do Estado para entregar ao seu chefe de espionagem; e ainda antes, em 2007, em outras acusações de abuso de poder.

O Supremo Tribunal, que começou a avaliar o recurso de Fujimori neste mais recente processo, confirmou por unanimidade a sentença que lhe tinha sido pronunciada. Não sendo as penas de prisão cumulativas no Peru, Fujimori cumprirá apenas a mais longa, de 25 anos – que os seus apoiantes interpretam como uma efectiva pena perpétua.

Um dos deputados do grupo parlamentar aliado a Fujimori, Carlos Raffo, declarou durante as audiências do recurso que esta é uma “execução política” do antigo Presidente peruano, que disse estar a ser condenado “sem provas”.

“A nossa vingança será a vitória do ‘fujimorismo’ nas eleições de 2011”, declarou. A filha de Alberto Fujimori, Keiko, de 34 anos, é extremamente popular no cenário político do Peru e está entre os candidatos da frente nas sondagens para o escrutínio presidencial do próximo ano no país – disputa a corrida praticamente a par do presidente da Câmara de Lima, Luis Castaneda (de centro-direita).