Investigação do Governo afegão responsabiliza forças estrangeiras pela morte de civis em Kunar

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Soldados alemães da Isaf em patrulha no Afeganistão Fabrizio Bensch/Reuters

Wafa confirmou expressamente que nenhuma das vítimas mortais do raide – que Karzai atribuíra já directamente à NATO – era rebelde e avançou que oito eram rapazes entre os 13 e 18 anos. “Queremos encontrar e punir a pessoa que deu a informação falsa [de que se encontravam rebeldes no local]”, asseverou.

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Wafa confirmou expressamente que nenhuma das vítimas mortais do raide – que Karzai atribuíra já directamente à NATO – era rebelde e avançou que oito eram rapazes entre os 13 e 18 anos. “Queremos encontrar e punir a pessoa que deu a informação falsa [de que se encontravam rebeldes no local]”, asseverou.

A morte de civis na sequência de ataques das forças da missão da NATO no Afeganistão (Isaf) tem vindo a tornar a presença destes soldados cada vez mais impopular, o que o comandante militar das tropas norte-americanas e internacionais no Afeganistão, Stanley McChrystal, considera prejudicar seriamente a missão de combate aos taliban e estabilização do país. Ao assumir o comando, em Junho, McChrystal emitiu novas ordens e directivas de procedimento visando justamente uma redução do número de mortos civis, incluindo a imposição de limites ao uso do armamento.

A equipa de investigadores liderada por Wafa passou os últimos dias em Kunar a entrevistar as autoridades locais e familiares dos mortos, mas os seus movimentos no local do raide – admitiu – estiveram limitados uma vez que é uma área, bem próxima da fronteira com o Paquistão, sob largo controlo dos taliban.

Com a sua própria investigação em curso, a NATO confirma para já apenas que o raide feito no sábado foi uma operação conjunta. Mas o porta-voz do Ministério da Defesa afegão, Zaher Azimi, já eximiu as forças do país de qualquer responsabilidade, asseverando que não participaram no ataque.

Na capital da província vizinha de Kunar, Nangahar, uns 200 estudantes universitários saíram às ruas para protestar contra a morte dos civis do raide, exigindo que os responsáveis sejam levados à justiça. “Perdemos a paciência. Isto acontece repetidamente. E se voltar a acontecer, largaremos as nossas canetas para pegar em armas”, ecoava um grupo destes manifestantes. Outros gritavam slogans contra o Presidente norte-americano, Barack Obama, e o seu homólogo afegão.

A chegada ao Afeganistão das 30 mil tropas norte-americanas prometidas no início deste mês por Obama, está a fazer aumentar a ansiedade entre a população, receosa que este influxo de poderio militar conduza a mais elevados balanços de vítimas civis.