Jello Biafra

Com os Dead Kennedys, Jello Biafra fez alguns dos mais brilhantes discos do rock. Nunca o punk voltou a ser tão estimulante musicalmente e implacável politicamente. Depois dos Kennedys, a sua carreira tornou-se menos interessante, mas, mesmo assim, com momentos em que o bom velho punk voltava a brilhar.

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Com os Dead Kennedys, Jello Biafra fez alguns dos mais brilhantes discos do rock. Nunca o punk voltou a ser tão estimulante musicalmente e implacável politicamente. Depois dos Kennedys, a sua carreira tornou-se menos interessante, mas, mesmo assim, com momentos em que o bom velho punk voltava a brilhar.

Biafra está de regresso com nova banda de luxo. A voz, sempre sarcástica e perfeita para as letras politicamente empenhadas, é acompanhada de guitarra e bateria, ora gingões (como no exercício quase surf-punk de "Pets Eat Their Master"), ora à velocidade da luz. Há vários momentos interessantes como o solo a lembrar East Bay Ray (o fabuloso guitarrista dos Kennedys) de "Clean as a Thistle", uma diatribe contra a obsessão com o cadastro moral dos políticos americanos, a guitarra quase flamenco (versão punk, é claro) de "Strength Thru Shopping" e o refrão épico de "Pets Eat Their Master". Pena que "The Audacity of Hype" não ultrapasse uma zona de conforto feita por territórios que Biafra já pisou. Repescar duas canções com dez anos ("New Feudalism" e "Electronic Plantation") também não ajuda. Sem comprometer, o disco não tem a força dos Lard, projecto de Biafra com dois Ministry, nem mesmo das colaborações recentes com os Melvins.