Páginas de câmara de Joly Braga Santos
O valor da produção sinfónica de Joly Braga Santos (1924-1988) é hoje um dado adquirido, mas a música de câmara deste compositor e maestro português permanece inexplicavelmente pouco conhecida. Não há razão para tal, uma vez que possui uma qualidade assinalável. O CD lançado pela PortugalSom (colecção do Ministério da Cultura dedicada à divulgação da música portuguesa, actualmente editada em parceria com a Numérica) é revelador de um talento inspirado e de uma técnica apurada na exploração de pequenos conjuntos instrumentais, onde se reconhece amiúde a veia sinfónica do compositor e o seu característico lirismo.
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O valor da produção sinfónica de Joly Braga Santos (1924-1988) é hoje um dado adquirido, mas a música de câmara deste compositor e maestro português permanece inexplicavelmente pouco conhecida. Não há razão para tal, uma vez que possui uma qualidade assinalável. O CD lançado pela PortugalSom (colecção do Ministério da Cultura dedicada à divulgação da música portuguesa, actualmente editada em parceria com a Numérica) é revelador de um talento inspirado e de uma técnica apurada na exploração de pequenos conjuntos instrumentais, onde se reconhece amiúde a veia sinfónica do compositor e o seu característico lirismo.
Foram registadas três obras de períodos diferentes: o Quarteto com Piano op. 26 (1957), o Trio com Piano op. 58 (1985) e o Sexteto de Cordas op. 59 (1986). A primeira distingue-se pela sua luminosa energia e pela condensação da forma, encadeando num todo coerente os seus três andamentos. É um dos exemplos da fase em que Braga Santos explorou sobretudo a escrita modal e contrasta com as restantes peças da gravação, compostas cerca de 30 anos depois e bastante mais arrojadas. Uma linguagem que explora a tensão permanente entre um cromatismo intenso e o diatonismo, a desenvoltura na manipulação da forma e das texturas e um conhecimento profundo das potencialidades de cada instrumento dá origem a uma música em permanente mutação e plena de contrastes, servida por interpretações tecnicamente seguras e apaixonadas a cargo de instrumentistas que conviveram de perto com o compositor, incluindo a sua própria filha (a violetista Leonor Braga Santos). O conjunto demonstra uma boa sintonia , destacando-se e o pianismo afirmativo de António Rosado e o som envolvente dos violoncelos (Irene Lima e Paulo Gaio Lima).