Caso Joana: criança desapareceu há cinco anos, mas ainda há processos em tribunal

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A mãe de Joana, Leonor Cipriano, e o seu tio, João Cipriano, foram condenados em Março de 2006 a 16 anos de prisão cada um pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver DR

Apesar de o Tribunal de Portimão ter condenado a mãe e o tio da menina pela sua morte, quase todos os moradores da aldeia onde vivia acreditam que a menina foi vendida ou raptada e não assassinada.

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Apesar de o Tribunal de Portimão ter condenado a mãe e o tio da menina pela sua morte, quase todos os moradores da aldeia onde vivia acreditam que a menina foi vendida ou raptada e não assassinada.

Em declarações à Lusa, vários moradores dizem que o desaparecimento de Joana "despertou" um sentimento de insegurança na aldeia, "obrigando a uma atenção e vigilância constantes".

Na justiça, o caso arrasta-se sem fim à vista. Depois do julgamento de Leonor Cipriano e o irmão, João Cipriano, condenados em Março de 2006 a 16 anos de prisão cada um pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver, o caso voltou à Justiça em 2008, com a mãe de Joana a acusar cinco actuais e ex-inspectores da Polícia Judiciária (PJ), num processo envolvendo crimes de tortura, omissão de denúncia e falsificação de documento.

A 22 de Maio de 2009, o Tribunal de Faro, que não determinou os autores das agressões, absolveu dos crimes de tortura os ex-inspectores Paulo Pereira Cristóvão e Leonel Morgado Marques e o agente ainda no activo Paulo Marques Bom, mas condenou Gonçalo Amaral, já reformado da PJ, e António Nunes Cardoso, ainda em funções na PJ.

Gonçalo Amaral, ex-coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, recorreu para o Tribunal da Relação de Évora da condenação de um ano e meio pelo crime de falsidade de depoimento, com pena suspensa por igual período.

Também Marcos Aragão Correia, advogado de Leonor Cipriano, recorreu da decisão do Tribunal da Relação de Évora, por ter absolvido Gonçalo Amaral do crime de omissão de denúncia.

O caso Joana voltará também aos tribunais através do processo movido por Leandro Silva, companheiro de Leonor Cipriano, contra Gonçalo Amaral, acusado de alegada co-autoria do crime de tortura.

À margem dos recursos e da acção de Leandro Silva, Aragão Correia pediu à Procuradoria-Geral da República a revisão da sentença de Leonor Cipriano que foi confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça em Março de 2006, apresentando o causídico a confissão de João Cipriano da autoria do homicídio de Joana.

O advogado da mãe da criança desaparecida a 12 de Setembro de 2004 pediu também a abertura de um novo inquérito, com o objectivo de determinar os agentes e causas do desaparecimento de Joana.