Biólogo português descobriu novas espécies de aranhas

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A Tegenaria barrientosi mede cerca de sete milímetros e foi uma das novas espécies descobertas DR

A Tegenaria barrientosi entrou-lhe, literalmente, pela casa dentro. Luís Crespo estava a viver perto do Jardim Botânico, em Coimbra, e reconheceu a pequena aranha que lhe entrou em casa. “Em vez de acabar esmagada por uma vassoura, acabou num tubinho para ser analisada”, conta. Anos mais tarde era uma nova espécie descrita num artigo publicado (no mês passado) na revista de zoologia Zootaxa e que contou com a colaboração de outro biólogo português (Pedro Cardoso) e de Angelo Bolzern, especialista da Universidade de Basel . Mas esta não é a única descoberta do biólogo Luís Crespo no “mal-amado” mundo das aranhas. Há novas espécies encontradas no Paúl de Arzila, no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, no Alentejo e até no Parque Natural de Monsanto, entre outros lugares de Portugal.

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A Tegenaria barrientosi entrou-lhe, literalmente, pela casa dentro. Luís Crespo estava a viver perto do Jardim Botânico, em Coimbra, e reconheceu a pequena aranha que lhe entrou em casa. “Em vez de acabar esmagada por uma vassoura, acabou num tubinho para ser analisada”, conta. Anos mais tarde era uma nova espécie descrita num artigo publicado (no mês passado) na revista de zoologia Zootaxa e que contou com a colaboração de outro biólogo português (Pedro Cardoso) e de Angelo Bolzern, especialista da Universidade de Basel . Mas esta não é a única descoberta do biólogo Luís Crespo no “mal-amado” mundo das aranhas. Há novas espécies encontradas no Paúl de Arzila, no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, no Alentejo e até no Parque Natural de Monsanto, entre outros lugares de Portugal.

Um comunicado divulgado hoje pela Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra apresentava-nos duas novas aranhas para juntar à lista de espécies de todo o mundo. São a Tegenaria barrientosi e a Parapelecopsis conimbricensis e, ainda que existam noutros locais, foram descobertas no Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, pelo biólogo Luís Crespo, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), através do IMAR. Mas há mais.

Os primeiros exemplares de Tegenaria barrientosi e a Parapelecopsis conimbricensis foram colhidos no Jardim Botânico de Coimbra mas Luís Crespo encontrou mais noutros locais. A Parapelecopsis conimbricensis que é descrita num artigo que aguarda publicação foi colhida também na Reserva Natural do Paúl de Arzila, por exemplo, e no mesmo trabalho o biólogo apresenta-nos outras seis novas espécies para a Ciência encontradas no norte de Portugal e Espanha, no Parque Natural do Douro Internacional, no Parque Florestal de Monsanto (Lisboa) e noutros locais dispersos do país.

No artigo publicado o mês passado na Zootaxa, Luís Crespo apresenta-nos a Tegenaria barrientosi e ainda a Tegenaria incognita , que é também uma nova espécie descrita para a Ciência e que foi encontrada no Parque Natural de Monsanto, em Lisboa. O biólogo português tem ainda um artigo em construção sobre quatro novas aranhas para Portugal e uma nova espécie para o mundo, encontradas nas ilhas Selvagens, outro ainda sobre uma nova espécie para Porto Santo (Madeira), outro ainda sobre uma nova espécie para a Ciência no Alentejo...

Mas, afinal; quantas novas espécies Luís Crespo já descobriu em Portugal? “Não sei... Vou ter de as contar”. Feitas as contas, serão mais de 20 novas espécies para Portugal e mais de uma dezena a nível mundial, ou, noutras palavras, para a Ciência.

Sobre os dois casos divulgados hoje no comunicado da Universidade de Coimbra, o biólogo adianta que a Tegenaria barrientosi e a Parapelecopsis conimbricensis são de famílias bem diferentes. “A nível filogenético... São primos afastados”, simplifica. São venenosas? “Quase todas as aranhas são venenosas. O que me quer perguntar é se são toxicologicamente perigosas para o homem? Não, não são. Aliás, a maior parte não é”, informa o biólogo. Além de inofensivas, as espécies que vivem no Jardim Biológico de Coimbra são pequeninas. A Parapelecopsis conimbricensis mede uns dois a três milímetros de corpo e a Tegenaria barrientosi cerca de sete. Entusiasmado, o especialista conta que para conseguir identificar um nova espécie é preciso uma trabalho rigoroso de análise de uma série de pormenores, a estrutura reprodutora, os olhos, as cores, o tamanho. No caso da Parapelecopsis conimbricensis há uma característica que merece destaque: “Os machos têm uma espécie de elevação na cabeça, que é uma espécie de torre com alguns olhos, onde existem dos sulcos que julgamos que são os locais onde a fêmea se prende quando acasalam”. Os estudos do comportamento virão mais tarde confirmar ou não a teoria, mas Luís Crespo não consegue esconder o ânimo com a descoberta.

Algumas destas descobertas, como nos contou, entram-lhe pela casa dentro. Outras dão-lhe mais trabalho e ele tem de montar armadilhas para as conseguir. E há aranhas de estimação na casa de Luís Crespo? “Vivas? Não, não concordo. Só tenho uma aranha viva em casa quando preciso de a criar até adulta para os meus trabalhos. De resto, tenho uma colecção de exemplares em casa... alguns milhares. Mas estão em tubinhos conservadas em álcool!”.