Sócrates chamado a depor como testemunha no caso Cova da Beira

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O primeiro-ministro poderá recusar depor Daniel Rocha (arquivo)

A indicação destas duas testemunhas assume uma importância particular, na medida em que os seus nomes estão desde o início ligados ao caso e são susceptíveis de possuir informação relevante para a descoberta da verdade.

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A indicação destas duas testemunhas assume uma importância particular, na medida em que os seus nomes estão desde o início ligados ao caso e são susceptíveis de possuir informação relevante para a descoberta da verdade.

Sócrates era secretário de Estado do Ambiente e foi, em 1996 o principal responsável político pelo lançamento do projecto do aterro. Cristóvão era assessor de Jorge Pombo, presidente da Câmara da Covilhã e da Associação de Municípios da Cova da Beira, dona da obra, havendo indícios nos autos de que teve contactos com Sócrates a propósito deste projecto.

Os dois nomes, juntamente com o de Pombo, aparecem nas cartas anónimas e nas inquirições informais que levaram à abertura do inquérito judicial, em 1999, como tendo recebido luvas para que a obra fosse adjudicada ao grupo liderado pelas empresas HLC e Conegil – controladas pelos empresários covilhanenses Horácio Luis de Carvalho e Carlos Manuel Santos Silva, amigo pessoal do primeiro-ministro e actual administrador do Grupo Lena.

Jorge Pombo chegou a ser arguido e a sua residência foi alvo de buscas, mas o procurador da República responsável pelo inquérito, Sérgio Pena, entendeu arquivar os autos no que lhe dizia respeito , em 2007, por considerar não ter sido reunida prova bastante para o acusar. Já no que respeita a Sócrates e a Cristóvão o procurador Helder Cordeiro rejeitou em 2003 o pedido da PJ para que fossem realizadas buscas nas suas casas e a parte dos autos que se lhes referia foi também arquivada em 2007.

Ana Simões, António José Morais (o professor de Sócrates na Univeridade Independente) e Horácio de Luis Carvalho vão ser julgados a partir de Outubro pelos crimes de corrupção e branqueamento de capitais relacionados com a adjudicação da obra ao grupo HLC.

Ana Simões, que sustenta ter sido usada por Morais, que era então seu marido e foi quem conduziu todo o processo, entendeu que Sócrates e Cristóvão tinham de ser chamados a depor. Falta agora saber se José Sócrates se servirá das suas prerrogativas de conselheiro de Estado para se recusara a testemunhar.