Homossexualidade "não é normal", diz cardeal D. José Saraiva Martins

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"Os homossexuais não podem providenciar a formação das crianças, porque uma criança para ser formada normalmente precisa de um pai e de uma mãe", indicou D. José Saraiva Martins Chris Helgr/Reuters

"A homossexualidade não é normal, temos que dizê-lo (...) Não é normal no sentido de que a Bíblia diz que quando Deus criou o ser humano, criou o homem e a mulher. É o texto literal da Bíblia, portanto esse é o princípio sempre professado pela igreja", defendeu.

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"A homossexualidade não é normal, temos que dizê-lo (...) Não é normal no sentido de que a Bíblia diz que quando Deus criou o ser humano, criou o homem e a mulher. É o texto literal da Bíblia, portanto esse é o princípio sempre professado pela igreja", defendeu.

"[Os homossexuais] não podem providenciar a formação das crianças, porque uma criança para ser formada normalmente precisa de um pai e de uma mãe e não de dois pais ou de duas mães", indicou ontem à noite D. José Saraiva Martins, durante a tertúlia "125 minutos com Fátima Campos Ferreira", no Casino da Figueira da Foz.

O religioso argumentou que o pai e a mãe "são diferentes, têm diferentes qualidades, completam-se mutuamente de uma maneira maravilhosa".

Apesar de concordar que o eventual "casamento" entre pessoas do mesmo sexo é uma questão de direitos e de leis, fora da alçada da Igreja, D. José Saraiva Martins ressalvou, porém, que numa situação "ideal", a Igreja e o Estado deveriam colaborar. "Nestes casos, neste sector em concreto, é absolutamente necessária uma colaboração sincera, autêntica e eficaz entre o Estado e a Igreja". "E pode-se chegar a um acordo, cedendo um bocadinho dos dois lados. Não é opondo-se, é colaborando, é o diálogo", acrescentou.

"Cautela e prudência" no casamento com muçulmanos

D. José Saraiva Martins, Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos e que reside em Roma há mais de 50 anos referiu-se ainda aos casamentos entre jovens portuguesas e muçulmanos. "Estou de acordo que é preciso muita cautela e muita prudência. Estou totalmente de acordo", disse o religioso, em concordância com D. José Policarpo que, há cerca de um mês, alertou as jovens portuguesas para o "monte de sarilhos" que representa o casamento com muçulmanos.


"É absolutamente necessário que antes de uma senhora casar com um muçulmano, tenha a certeza de que vai poder continuar depois do matrimónio a professar a sua fé cristã", disse o cardeal Saraiva Martins.

"Tenha a certeza de que vai poder decidir o tipo de educação a dar aos próprios filhos", acrescentou, defendendo que as mulheres "não casem com muçulmanos" enquanto não tiverem essas certezas.

Defendeu ainda que uma mulher católica que contraia matrimónio com um muçulmano "não deve ser abandonada pelos membros da comunidade eclesial" a que pertence.

"Ela continua a ser membro da igreja e precisa, mais do que nunca, da assistência dos seus irmãos na fé. Mais do que nunca vai precisar de ajuda, de gente que a aconselhe e ilumine", frisou.

Diálogo com muçulmanos moderados é inevitável e urgente

D. José Saraiva Martins afirmou ainda que o diálogo com os muçulmanos moderados, em contraste com os fundamentalistas, "é muito mais fácil", classificando-o de "inevitável, necessário e urgente". "É inevitável porque encontramo-los no nosso caminho. Eu encontro muçulmanos na rua, talvez no meu bairro, na fábrica, na universidade, não podemos ignorar esta realidade", defendeu o cardeal.


Já com os muçulmanos fundamentalistas o cardeal Saraiva Martins frisou que o diálogo "é muito mais difícil". Na base da dificuldade no entendimento com os muçulmanos fundamentalistas está a "concepção teocrática" da sociedade que aqueles possuem, argumentou. "Eles concebem uma sociedade em que a religião é inseparável da política e a política da religião", sustentou, afirmando que não existe espaço para a laicidade.

"Nesta concepção muçulmana da sociedade é muito fácil que a política instrumentalize a religião e a religião instrumentalize a política. É evidente que [o diálogo] é muito mais difícil, mas devemos distinguir os dois tipos de muçulmanos", avisou.