Especialistas espanhóis em saúde pública pedem suspensão da vacina Gardasil

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No ano passado, a vacina contra o vírus do papiloma humano passou a integrar o plano nacional de vacinação português Enric Vives-Rubio (arquivo)

No texto, os signatários pedem que se interrompa a vacinação contra o vírus do papiloma humano para estudar melhor os casos de reacções adversas que um lote de vacinas causou em várias jovens espanholas. No passado dia 9 de Fevereiro o Governo espanhol ordenou a suspensão temporária de um lote de vacinas contra o vírus do papiloma humano da marca Gardasil, depois de se conhecer a existência de dois possíveis casos de efeitos adversos.

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No texto, os signatários pedem que se interrompa a vacinação contra o vírus do papiloma humano para estudar melhor os casos de reacções adversas que um lote de vacinas causou em várias jovens espanholas. No passado dia 9 de Fevereiro o Governo espanhol ordenou a suspensão temporária de um lote de vacinas contra o vírus do papiloma humano da marca Gardasil, depois de se conhecer a existência de dois possíveis casos de efeitos adversos.

A decisão foi tomada depois de as autoridades de saúde da região de Valência terem alertado o Governo dos casos de duas meninas com reacções adversas depois de lhes terem sido administradas doses da vacina do lote NH52670. Os signatários do documento questionam a decisão de iniciar esta vacinação apesar das dúvidas existentes, "mais que razoáveis", insistem, sobre a sua eventual capacidade e eficiência para prevenir um número "sanitariamente relevante" de mortes por cancro do colo do útero.

Para os autores do texto, os ensaios da vacina "não permitiram ver o seu efeito na prevenção do cancro, que pode demorar anos a desenvolver-se". Além da falta de eficácia, os autores do texto questionam os custos associados às vacinas, que chegam aos quase 500 euros por pessoa. Depois de fazer as contas os especialistas sustentam que para prevenir os primeiros casos de cancro do colo do útero, em 30 anos o Sistema Nacional de Saúde espanhol terá gasto quatro mil milhões de euros "só nesta vacina".

Mais de 20 reacções adversas em Portugal

No ano passado, a vacina contra o vírus do papiloma humano passou a integrar o plano nacional de vacinação português. A Gardasil foi a vacina escolhida para integrar o plano, mas o lote suspenso em Espanha não foi vendido em Portugal.

O presidente da autoridade do medicamento (Infarmed) disse na semana passada ter registado 21 casos de reacções adversas à vacina, mas afastou a necessidade de suspender o medicamento em Portugal. Vasco Maria informou, ainda, que 14 destes casos foram considerados graves.

No ano passado, a vacinação em Portugal incluiu as jovens nascidas em 1995. Este ano já podem receber a vacina as raparigas nascidas em 1996 e em 2010 serão vacinadas as que nasceram em 1997. Entre 2009 e 2011 está ainda previsto vacinar as que tenham 17 anos.